sexta-feira, 24 de maio de 2019

OLHANDO EM FRENTE


A sempre latente crise financeira, a criação de um novo sistema monetário mundial, a divisão do mundo entre a China e os Estados Unidos, a retirada militar norte-americana, o deslocamento europeu, as guerras civis e as tensões fronteiriças, a reorganização do mapa mundial... tantos são os problemas e os focos de tensão que não teremos mãos a medir na colossal remodelação global em curso. O ponto comum de tudo isto é, naturalmente, a natureza caótica do processo que envolve inúmeros actores nacionais, internacionais, globais, privados, públicos e comunitários, que procuram aproveitar o período instável para marcar as suas posições, flutuando entre alianças que têm tanto de improváveis como de fugazes. A haver alguma vantagem seria a da formação de novas visões do futuro, mas o que sobreleva é a desvantagem da existência de muitas, heterogéneas e conflituantes.


As eleições europeias, que já estão em curso, revelarão esta diversidade numa campanha eleitoral onde até se poderão ter enunciado, pela primeira vez, algumas vantagens da Europa, mas terminará, como é hábito, numa competição de concepções nacionais que poderá estabelecer – ou não – a base de funcionamento da UE para os próximos anos.

Neste período deveremos assistir à formação das condições ideais para uma perfeita tempestade político-militar no Médio Oriente que assegure o nascimento oficial da Grande Israel e a sentença final para a nação palestiniana; a uma possível reforma do sistema monetário impulsionada pelo desejo chinês de qualquer como um padrão SDR-ouro (afastando definitivamente o dólar da função de exclusiva moeda de pagamentos internacionais e usando a moeda escritural do FMI – os SDR ou Special Drawing Right – onde o seu yuan já é a terceira moeda mais importante) e a estabilidade cambial que provavelmente oferecerá.

Outra importante vertente será a definição dos novos projectos de tributação da GAFAM (acrónimo dos gigantes da Web, Google, Apple, Facebook, Amazon e Microsoft, as cinco grandes empresas dos EUA que dominam o mercado digital), que para o melhor ou o pior deverá definir os princípios da governança supranacional no século XXI.

Em resumo, 2019 poderá ficar marcado como um ano determinante na formação de um cenário completamente diferente que emerge dos escombros do modelo anterior.

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