quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

A VELHA FACE DA AMÉRICA

As notícias que nos chegam do outro lado do Atlântico, que vão desde o simples «Trump promete a empresários suprimir 75% da regulamentação e baixar impostos» ao discutível «Trump diz que tortura funciona e está disposto a aplicá-la» ou ao preocupante «Trump já assinou autorização para a construção do muro com o México» e «Trump assina decreto para relançar dois oleodutos controversos», serão mais ou menos inquietantes mas perfeitamente enquadráveis no egocentrismo do nóvel inquilino da Casa Branca e merecedoras de futura apreciação nos seus efeitos práticos.

Já a recente notícia de que os «Republicanos do Wyoming querem multar produtores de electricidade que usem energia eólica ou solar» não será um mero reflexo da chegada de Trump à Casa Branca, antes a consequência duma visão redutora da realidade que as franjas mais boçais da sociedade americana há muito nos habituaram. Negar o efeito da acção humana nas alterações climáticas ou defender até ao absurdo o direito ao porte de arma, são apenas dois dos aspectos duma sociedade que ainda não resolveu muitas das suas mais profundas e enraizadas contradições, nem apresenta progressos na formação e educação semelhantes aos do seu desenvolvimento económico.


A origem de semelhante ideia – que por absurdo se poderia comparar à de penalizar os consumidores de água em detrimento dos consumidores de cerveja, porque os primeiros penalizam os lucros dos cervejeiros – afigura-se quase comparável à dos antigos movimentos que nos primórdios da Revolução Industrial defendiam a destruição da maquinaria por esta “roubar” postos de trabalho; não é apenas perigosa no que respeita à conservação da natureza, é reveladora dum pensamento primário potencialmente muito perigoso quando aplicado aos grandes problemas mundiais.


Sem comentários: