sábado, 22 de agosto de 2015

TRAGÉDIAS

A semana que termina assistiu à aprovação de mais um resgate à Grécia e ao anúncio da demissão do governo grego que o aceitou, acontecimentos que o NEGÓCIOS sintetizou dizendo que o primeiro-ministro «Tsipras recebe cheque, demite-se e pede novas eleições».


Não sei como irá ser recordado para a História o ano de 2015, mas para os gregos (e para os europeus) que o estão a viver vai seguramente ser recordado como um ano estranho. Primeiro, viu ser eleito em terras helénicas um governo em absoluto contraponto com as posições políticas e económicas dos restantes governos da UE; depois viu esse novo governo opor-se à prevalecente tese da inexistência de alternativa à política da austeridade-expansionista, a ponto de até alguma imprensa já falar abertamente nas alternativas.

O extremar de posições levou à realização dum referendo onde os gregos, mesmo sob o garrote do encerramento do seu sistema financeiro, recusaram a continuação da aplicação de tais políticas mas viram o seu governo, espartilhado entre a vontade popular de se manter na Zona Euro e a asfixia financeira imposta de Bruxelas e Frankfurt, aceitá-las em quase toda a linha.

A demissão de Tsipras e a convocação de eleições antecipadas é mais um episódio que confirmando a inevitabilidade da realpolitik demonstra à saciedade que há muito deixou de vigorar na UE um dos seus princípios fundadores; ao ideal “todos diferentes, todos iguais” sucedeu-se a versão “todos iguais ou pouco diferentes”… ou de forma ainda mais prosaica: a substituição da força da razão pela razão da força!

Sem comentários: