sexta-feira, 23 de dezembro de 2005

O NÃO DEBATE E O NÃO COMENTADOR

Ainda que possa resultar redundante voltar a abordar a questão da falta de isenção de alguns dos comentadores políticos que enxameiam os meios de comunicação nacional, o que li neste texto assinado por Luís Delgado e inserto no DIÁRIO DE NOTÍCIAS do passado dia 22 de Dezembro ultrapassa tudo o que se possa admitir.

O grave no artigo referido, não é tanto o facto do seu autor revelar um nível primário de “partidarite aguda” mas sim a forma reiterada e persistente como pretende fazer passar por verdade absoluta aquilo que apenas ele viu. Ciente que muitos dos seus leitores também assistiram ao debate entre Cavaco Silva e Mário Soares, que alguns poderão também criticar o estilo mais truculento deste, repete até à exaustão a ideia de menoridade de Soares para assim elevar Cavaco, sem nunca adiantar qualquer argumento, ou prova, da superioridade que lhe atribui.

É perfeitamente natural que Luís Delgado preferisse ter visto um Mário Soares “afável e bonacheirão” que diz ter conhecido (a memória histórica está a começar a faltar-lhe, apesar da idade) e, já agora, também cordato e subserviente à figura esfíngica do seu oponente, que naquele debate (como em todos os outros e em todas as ocasiões) continuou a falar como se a sua candidatura se destinasse a um cargo de chefe de governo (para o qual não existe sufrágio directo), fosse ele o novo Sebastião do século XXI e apresentasse alguma ideia fundamentada e consistente, além da sua famigerada intenção de «cooperação estratégica» que nunca nenhum eleitor o ouviu explicar (recorda-se sr. Luís Delgado que quando directamente inquirido, por Soares, sobre o assunto o “professor” embrulhou-se e retomou o discurso de meras banalidades?).

Da primeira vez que
aqui me referi a este comentador, que além de colunista regular naquele jornal diário e no DIÁRIO DIGITAL é presença frequente nos écrans de TV, fi-lo por discordância com os seus pontos de vista e por me parecer que tal se ficava a dever a uma condenável sobreposição de sentimentos pessoais sobre a realidade observada.

Desta vez, porém, começo a ter que pensar – sim, porque isto não é coisa que se pense de ânimo leve - que o que move Luís Delgado é mais que a convicção das suas opiniões pessoais (democraticamente aceitáveis, mas inadmissíveis em quem pretende fazer figura de comentador) uma vez que do seu discurso laudatório e bajulador de Cavaco Silva apenas se pode inferir que integra algum compromisso compensatório por benesses ou prebendas recebidas. E digo recebidas porque duvido que alguém com uma capacidade intelectual média (reparem como sou simpático, até admito que Luís Delgado tenha capacidade intelectual) aceitasse desempenhar semelhante papel na perspectiva de vantagens futuras, quiçá inatingíveis!

Espera lá! Será que Luís Delgado ainda está a “pagar” a sua entrada na administração da LUSOMUNDO MEDIA?

Se assim for, espero que não falte muito tempo para o vencimento da última prestação, para ver se nos vemos livres dele de vez! O país em geral e a comunicação social em especial ficarão muito melhor quando esta espécie de “louva a deus” rastejantes se extinguir.

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