Quando nos aproximamos da recta final dos debates entre os candidatos presidenciais encontraram-se frente-a-frente Mário Soares e Francisco Louçã.
Como seria de esperar assistimos a duas posturas distintas - um Mário Soares mais moderado e um Louçã mais activo – e estratégias diversas. Louçã tentando colar Soares às políticas do governo e este a marcar a diferença para as posições mais radicais do primeiro.
Como seria de prever um dos temas fortes foi a Europa, com Mário Soares a defender a proposta de Constituição Europeia e Louçã a criticar a proposta de orçamento europeu.
Durante o debate Soares não perdeu a oportunidade de marcar pontos quando salientou a necessidade de separação entre “funções” e “convicções” e se distanciou das teses presidencialistas.
Como em situações anteriores Louçã distinguiu-se na lucidez e consistência das críticas à actuação do governo, nomeadamente a propósito do TGV, e das privatizações, embora nesta matéria Soares também se tenha manifestado contrário à privatização das águas.
Soares esteve igualmente bem quando procurou estabelecer a diferenciação entre a crítica à actuação de políticos e a crítica “aos políticos” e quando se distanciou do apelo de dirigentes do PS à desistência dos outros candidatos de esquerda.
Afirmando-se convicto de que será ele a passar à segunda volta (algo que não me espantará), Soares marcou novamente pontos quando procurou distinguir entre verdadeiros candidatos presidenciais e aqueles que apenas procuram fixar o eleitorado partidário.
Na ponta final Louçã voltou a criticar Cavaco Silva quando criticou «quem não diz o que pensa» enquanto Soares recordou o manifesto erro em que tem decorrido esta campanha ao propositadamente haver quem não distinga o poder moderador do Presidente da República do poder executivo que compete ao governo.
Em resumo, foi notória a tentativa de Soares em evitar conflitos abertos com Louçã (talvez já a preparar a segunda volta que afirmou garantida), pelo que tudo decorreu de forma particularmente cordial, ou não tivessem os dois candidatos fixado o mesmo adversário desde o início.
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