quinta-feira, 20 de junho de 2019

VAZA JACTO


A publicação pelo jornal on-line The Intercept da transcrição de inúmeras conversas entre o ex-juiz Sérgio Moro e os procuradores que investigavam o caso Lava Jacto veio pôr a nu o que muita gente suspeitava: por detrás do julgamento e condenação de Lula da Silva havia uma bem urdida teia com manifestos interesses políticos.


No rescaldo das notícias, Sérgio Moro defende-se com o argumento que mensagens trocadas com procuradores foram obtidas por “grupo criminoso organizado” e nega “conluio” com procurador do processo “Lava Jacto” mas o portal de investigação jornalística responde com a acusação de que Sérgio Moro ter-se-á oposto a investigar Fernando Henrique Cardoso, reacendendo a questão da dimensão política da actuação do aparelho judicial brasileiro.

De momento será prematuro afirmar se o escândalo ditará ou não a demissão do ministro sensação do governo Bolsonaro, mas quase certo é um novo recrudescimento no confronto entre críticos e apoiantes de Lula da Silva. A verdadeira dimensão destas revelações ainda está para ser avaliada; para já soma-se o descrédito do aparelho judicial à evidente divisão entre críticos e apoiantes do actual governo e ao agravamento das tensões sociais e políticas por terras de Vera Cruz.

quarta-feira, 12 de junho de 2019

AS PESSOAS DEIXARAM DE IMPORTAR


Foi interessante ouvir nas comemorações do 10 de Junho o apelo de João Miguel Tavares para que «Dêem-nos alguma coisa em que acreditar»...


Pena foi que a iniciativa se tenha ficado pelo apelo e pouco ou nada de concreto tenha acrescentado sobre em que devemos acreditar e como devemos fazer para acreditarmos. Sobre o facto de parte do descrédito derivar dum modelo económico que se acostumou a ignorar os necessitados, porque os parcos recursos que lhes têm calhado no processo distributivo da riqueza são manifestamente insuficientes para que o mercado lhes reconheça interesse e potencial e não serão piedosos discursos dos joões migueis tavares que farão diferença significativa. Eles não entendem que as mudanças terão que ser profundas, desde a economia, passando pela política, pelo social e terminando na ambiental, e ter sempre em vista que nenhuma sociedade pode marginalizar uma parte considerável de si própria e sobreviver, porque acham que as sociedades desenvolvidas da actualidade não têm lugar para os necessitados.

As pessoas deixaram de importar.