Realizou-se ontem o 5º “round”, no qual se encontraram Cavaco Silva e Jerónimo de Sousa.
Há semelhança dos anteriores também a economia, ou melhor, os problemas económicos foram tema de grande parte das intervenções dos candidatos. De um modo geral Cavaco Silva voltou a repetir as frases-chave que vem utilizando, onde abundam as referências ao crescimento e ao progresso enquanto Jerónimo de Sousa elegia a protecção dos direitos dos trabalhadores.
Uma vez ou outra o candidato comunista lembrou actuações de Cavaco Silva enquanto primeiro-ministro enquanto este contra argumentava com os resultados então obtidos ao nível do crescimento económico, do controle da inflação (como se a redução desta tivesse resultado das políticas monetaristas de Cavaco e não do ciclo deflacionista que a Europa então vivia) e da redução do déficit público.
Especificamente sobre a questão das privatizações previstas pelo actual governo, Cavaco Silva manifestou a necessidade de ponderação, para acautelar a manutenção dos respectivos centros de poder em Portugal, enquanto Jerónimo de Sousa defendeu a sua continuidade sob domínio público e contra-atacou Cavaco, lembrando a sua responsabilidade pelo início do processo das privatizações. Respondeu este com o argumento que na época era excessivo o peso do sector público.
Sobre outras questões como o investimento estrangeiro, o novo projecto de Sines, o TGV, o recurso à energia nuclear e as questões de natureza social, os dois candidatos revelaram alguma sintonia (com posições particularmente moderadas e ponderadas), não um total acordo mas nada que suscitasse alguma vivacidade no “debate”.
As opções de Jerónimo de Sousa, muito coladas aos tradicionais pontos de vista do PCP mas com a flexibilidade suficiente para lhes conferir algum poder acrescido conduziu a que Cavaco Silva acabasse por parecer mais “colado” à direita – situação que não lhe deve ter agradado muito – e que nem as posições de razoável sintonia conseguiram inverter.
Cavaco Silva defendeu mais do que atacou (excepção feita ao momento em que “ressuscitou” a célebre frase de Cunhal “Olhe que não! Olhe que não!”, à qual não conseguiu imprimir a acutilância nem a ironia com que o seu autor a carregou), não desiludiu (também era difícil com as limitações do modelo dos “debates”) mas continua sem revelar qualquer brilhantismo ou chama.
Nas alegações finais cada um dos candidatos repetiu as grandes linhas de força dos seus discursos, orientando-os para os respectivos eleitorados.
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