De acordo com a informação da AFP (Agence France Press) as autoridades de Bassorá anunciaram hoje a decisão de boicotar as tropas britânicas, isto na sequência do incidente ocorrido há dois dias. Nessa altura o exército inglês assaltou uma esquadra da polícia iraquiana a fim de libertar dois soldados britânicos ali detidos.
O incidente foi justificado, na altura, pelo comando britânico por os soldados terem sido, alegadamente, entregues a um grupo de rebeldes, tese confirmada por responsáveis do governo iraquiano que admitiram a hipótese de existência de resistentes infiltrados nas fileiras militares regulares.
O grupo que detinha a custódia dos dois militares – o exército do Mehdi, liderado por Moqtada al-Sadr – pretendia negociar a sua troca por um chefe xiita local detido pelos britânicos no Domingo, 18 de Setembro.
O incidente que deu lugar a manifestações populares contra a presença dos britânicos, foi minimizado pelas autoridades iraquianas e britânicas, mas é mais um a juntar aos muitos que vão minando cada vez mais a presença de tropas ocidentais no território do Iraque, tudo isto numa altura em que em Londres vão crescendo de tom as vozes que se pronunciam contra a manutenção da presença de tropas naquele território.
Simultaneamente, a mesma AFP anuncia o fim da operação militar contra Tall Afar (localidade no nordeste iraquiano apontada como base de acções rebeldes) que envolveu 6.000 soldados iraquianos e 4.000 americanos e que, segundo um porta-voz oficial iraquiano, se saldou pela morte de 157 rebeldes e a captura de outros 683, tendo o exército iraquiano sofrido 12 mortos e 27 feridos. À parte a total ausência de qualquer referência a baixas norte-americanas e a civis iraquianos, é de referir o saldo extremamente positivo de uma operação militar que durou doze dias, facto ainda mais louvável quanto ainda esta semana se fizeram ouvir as lamentações de altos responsáveis iraquianos pela deficiente qualidade do armamento de que dispõem.
Assim a operação "Restabelecer os direitos" parece que também está a restabelecer a confiança...
Para este fenómeno não deve ser estranho o facto do exército ocupante estar a proceder a uma vaga de ataques contra os principais centros sunitas (as tropas iraquianas utilizadas contra Tall Afar eram maioritariamente constituídas por “peshemergas” curdos), privilegiando áreas próximas da fronteira Síria (país que é acusado de facilitar infiltrações de extremistas da Al-Qaeda) e traduzindo-se num processo de expulsão das populações civis que para alguns observadores se assemelha a uma limpeza étnica.
A pouco e pouco os ocupantes americanos lá vão desenhando o mapa das populações iraquianas (xiitas, sunitas e curdas) que mais lhes convém.
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