quarta-feira, 14 de setembro de 2005

ATENTADO OU MANOBRA POLÍTICA?

Os atentados hoje perpetrados no Iraque indiciam um volte face na situação política do país.

Na sequência da polémica em torno da nova constituição, os grupos de oposição à ocupação americana que já haviam transformado em alvos as forças policiais e militares colaborantes com a ocupação, passaram a visar também o esforço de reconstrução económica. Visando um grupo de trabalhadores da construção, da facção xiita, estão-se a dar os primeiros passos para o eclodir de um conflito interno e de base religiosa.

Conhecidas as divergências entre sunitas (minoria religiosa normalmente conotada com o regime de Saddam Hussein) e xiitas (grupo religioso fortemente apoiado pelo vizinho Irão), agravadas pelas recentes divergências sobre o futuro do país, fácil se torna inflamar velhos recentimentos e ódios que degenerarão num conflito aberto.

Dada situação que se vive no Iraque será muito pouco provável que as potências ocupantes (EUA e Inglaterra) desenvolvam políticas efectivamente apaziguadoras (os benefícios a colher de um conflito aberto são particularmente atractivos, traduzindo-se numa ainda mais fácil utilização das riquezas locais) pelo que continuaremos a ouvir apelos à concórdia e entendimento entre as duas facções sem a mínima sustentação prática para sanar o conflito de interesses.

Uma leitura extrema deste atentado poderá até levantar a dúvida quanto aos seus reais perpetradores – a resistência à ocupação ou grupos financiados pelos ocupantes para semear a confusão?

Infelizmente cenários maquiavélicos desta natureza não são inéditos, nem remontam a tempos históricos...

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