Os atentados hoje perpetrados no Iraque indiciam um volte face na situação política do país.
Na sequência da polémica em torno da nova constituição, os grupos de oposição à ocupação americana que já haviam transformado em alvos as forças policiais e militares colaborantes com a ocupação, passaram a visar também o esforço de reconstrução económica. Visando um grupo de trabalhadores da construção, da facção xiita, estão-se a dar os primeiros passos para o eclodir de um conflito interno e de base religiosa.
Conhecidas as divergências entre sunitas (minoria religiosa normalmente conotada com o regime de Saddam Hussein) e xiitas (grupo religioso fortemente apoiado pelo vizinho Irão), agravadas pelas recentes divergências sobre o futuro do país, fácil se torna inflamar velhos recentimentos e ódios que degenerarão num conflito aberto.
Dada situação que se vive no Iraque será muito pouco provável que as potências ocupantes (EUA e Inglaterra) desenvolvam políticas efectivamente apaziguadoras (os benefícios a colher de um conflito aberto são particularmente atractivos, traduzindo-se numa ainda mais fácil utilização das riquezas locais) pelo que continuaremos a ouvir apelos à concórdia e entendimento entre as duas facções sem a mínima sustentação prática para sanar o conflito de interesses.
Uma leitura extrema deste atentado poderá até levantar a dúvida quanto aos seus reais perpetradores – a resistência à ocupação ou grupos financiados pelos ocupantes para semear a confusão?
Infelizmente cenários maquiavélicos desta natureza não são inéditos, nem remontam a tempos históricos...
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