domingo, 30 de dezembro de 2012

DESTAQUE EM 2012


Inevitavelmente, o calendário aproxima-se do final de mais um ano e sucedem-se os balanços aos acontecimentos dos últimos doze meses.

Sem pretender ombrear com quem propõem extensas listas de factos e personalidades que se terão destacado pela positiva e pela negativa, uma vez que durante o período grande parte dos “posts” que aqui fui deixando tiveram por base a delicada situação económica que atravessa a Zona Euro e o país em especial e porque sinto extrema dificuldade em escolher o pior entre as principais figuras nacionais – vejam só o que seria escolher entre um presidente inepto, um primeiro-ministro impreparado e arrivista, um “cobrador do fraque” travestido em ministro das finanças, um líder da oposição tíbio e um parceiro de coligação esquivo – opto por dar relevo a algo que sem dúvida se destacou no ano que agora finda.

Refiro-me claro à grande manifestação de contestação às políticas do governo de Passos Coelho, que um grupo de jovens convocou sob o lema «QUE SE LIXE A TROIKA! QUEREMOS AS NOSSAS VIDAS» e que trouxe para a rua cerca de um milhão de cidadãos (só em Lisboa terão sido cerca de meio milhão) distribuídos por diversos pontos do país, que não tendo sido a única foi seguramente a de maior dimensão e prova irrefutável do claro divórcio entre governantes e governados.


Mais, tendo a iniciativa partido dum grupo de jovens deixou claro que ao contrário da voz corrente os jovens interessam-se pela “coisa pública” e revelam capacidades de mobilização superiores às dos mais velhos.

A eclosão do movimento transnacional dos “Indignados” tem que ser entendida como uma clara afirmação da vontade dos mais novos (já que os mais velhos parecem gastos e desanimados) em retomar as bandeiras e as lutas que os pais deixaram (trocando-as, ou não, pela aparência de bem-estar) inacabadas.

É claro que perante um quadro desta natureza, cientes de que o agravamento da crise é inevitável e servirá para mobilizar ainda mais a contestação, os poderes estabelecidos não se têm cansado de denunciar a desorganização e as profundas clivagens entre os que protestam, não perdendo ocasião para lembrar a altíssima falibilidade dos movimentos inorgânicos – como se as bem organizadas estruturas políticas existentes (partidos e sindicatos) estivessem a revelar-se actores dinâmicos e eficientes porta-vozes –, num evidente afã para controlarem e abafarem a revolta que lavra activamente.

Como muito bem escreveu Baptista-Bastos em «Sobre os “indignados”», «Este tipo de iniciativas, sem fórmulas nem linhas regulamentadas, pode fazer despertar os nossos adormecimentos e as nossas fatigadas indiferenças. E repor em causa as origens dos poderes que dominam os valores morais, e nos causam desgraça, infelicidade e medo», o que constitui razão mais que suficiente para o destaque que julgo merecerem e para que da sua continuação, representando mais que a reafirmação dum espírito de insatisfação, germinem as ideias e as iniciativas que conduzam a melhores soluções que as até agora aplicadas.

Porque nunca é demais recordar personalidades que tenham marcado positivamente a existência dos seus semelhantes e porque este será o último “post” antes dum Novo Ano que se adivinha ainda mais dramático, no lugar da fórmula habitual aqui deixo a mensagem que Raul Solnado popularizou: «Façam o favor de ser felizes!»

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