quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

A BATATA QUENTE


Segundo relatou no passado fim-de-semana o sempre muito bem informado EXPRESSO, o douto, probo e ininfluenciável Cavaco Silva preparar-se-á para anunciar a mais salomónica das suas já proverbiais decisões: promulgará o OE para 2013, sob o patriótico argumento de assim obstar a que o País mergulhe no caos indissociável da ausência de documento vital à sua sobrevivência económica e social, enviando-o depois para fiscalização ao Tribunal Constitucional.

Espantoso? Não, nada a que um presidente permanentemente enredado nos seus tabus e na sua inépcia não nos tenha já habituado!


Senhor dum permanente processo de silêncios e compromissos, incapaz de alguma vez tomar uma decisão que eventualmente possa beliscar o seu futuro (o que quer que tal signifique num septuagenário que cumpre um último mandato como Presidente da República, sem nunca ter merecido sequer o primeiro), Cavaco Silva vai voltar a mimosear o País que o elegeu com mais uma peça da sua proverbial hipocrisia. Incapaz de afirmar publicamente que concorda com um OE aprovado pelos deputados do PSD e CDS que nem sequer conseguiram esconder o seu desconforto, encontra na dúbia fórmula – aprovo mas outros que decidam se deve ser aplicado ou não – um processo airoso de alijar responsabilidades e cujo resultado final deverá ser análogo ao verificado este ano, quando o Tribunal Constitucional proferiu o doutíssimo acórdão (353/2012) declarando inconstitucionais alguns pontos do OE 2012 (relativos à suspensão dos subsídios de férias e de Natal), mas acrescentando que esta declaração de inconstitucionalidade não se aplique à suspensão do pagamento dos subsídios relativos ao ano de 2012.

Depois desta peça (perfeitamente inserida na linha humorística do “é proibido, mas pode fazer-se…”, popularizada pelos “Gato Fedorento”) será ainda de estranhar que Alberto João Jardim, outro inefável personagem do pior que o quadro político partidário nacional produziu, tenha sido o primeiro a sair a terreiro para declarar que a anunciada decisão, daquele que em tempos apodou depreciativamente de “Sr. Silva”, de «Promulgar OE e só depois enviá-lo para TC é “inteligente”», ou tudo não passa afinal da mera confirmação da reduzidíssima qualidade da generalidade daqueles a quem tem sido sucessivamente confiada a responsabilidade pela liderança do País.

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