Por incrível
que possa parecer e contrariando algumas previsões, o Solstício de Inverno de
2012 aconteceu e nem o Mundo acabou nem a TAP foi vendida.
Contrariando
as teses mais catastrofistas, não se conhece data fixa para a implosão (ou que
quer que seja que ocorra) do nosso planeta, nem a privatização de activos
públicos (em especial dos mais estratégicos e rentáveis) constitui uma qualquer
solução miraculosa para os problemas nacionais. Isso mesmo foi especialmente
referido em múltiplas intervenções pelos partidos da oposição e em diversos
órgãos de comunicação, deixando cada vez mais claro o muito de nebuloso que
rodeia a urgência na venda.
O próprio
argumento invocado à última da hora para o adiamento da operação – ausência de
garantias de capacidade financeira do promitente-comprador para assegurar a
recapitalização da TAP –, agrava em vez de dissipar as suspeitas, pois
significa que todo o processo terá sido conduzido para que este se
concretizasse como um “negócio entre amigos” no lugar duma bem estruturada e
avaliada decisão estratégica.
Enterradas ou
não as perspectivas do “raider”
Efromovich (o ECONÓMICO assegura que «Efromovich
dá negócio da TAP como “morto”» enquanto o EXPRESSO garante que «Efromovich
diz que não fecha a porta a nova proposta pela TAP»), com a reafirmação de
que o «Governo
mantém intenção de privatizar a TAP» embora admitindo que um «Novo
processo de privatização da TAP terá modelo diferente» não deixarão de
existir fortíssimas razões para continuar a afirmar que o “negócio” será de
reduzida rentabilidade e profundamente lesivo dos interesses do país.
Além de se
manterem válidas a maioria das objecções à venda – das quais se destacam: o
ridículo do preço, a falácia do empolamento do endividamento enquanto se escamoteia
na avaliação o valor dos activos, a ocultação da importância da TAP nos
resultados globais do sector exportador que é o turismo – o desenrolar de todo
o processo desaconselha qualquer optimismo do tipo do manifestado por Marques
Mendes quando afirma que «Isto
sim é que é transparência», recomendando mesmo um acréscimo de atenção ao
próximo passo: a venda da ANA.
No conjunto a
TAP e a ANA representam duas importantes peças para um governo que queira
implementar uma efectiva política de soberania económica, já de si gravemente ferida
com as anteriores privatizações de empresas estratégicas como a GALP e a EDP
(no sector das energias) e a PT (no sector das comunicações), e é por isso que
a opinião pública se deve manter especialmente informada e activa.
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