sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

NÓS PAGAMOS O ESTADO SOCIAL


Numa palestra proferida na Ordem dos Economistas e intitulada «A crise económica portuguesa: diagnósticos e soluções», o chefe de missão do FMI, Abebe Aemro Selassie, assegurou peremptório que «Portugal pode ter estado social, mas tem de o pagar», afirmação que segue de muito perto outras proferidas por governantes e opinantes da mesma linha de pensamento.

Dita por quem foi, perante uma plateia de especialistas e não tendo havido contestação (a julgar pelas notícias que sobre isso nada adiantam) poderia pensar-se que a afirmação não permite contestação e que constituirá, como se pretende, verdade absoluta.


Porém, a crer noutros analistas – entre os quais alguns dos colaboradores no ensaio «QUEM PAGA O ESTADO SOCIAL EM PORTUGAL?» coordenado por Raquel Varela – que depois de estudaram diversas economias concluíram que na generalidade os sistemas de natureza social são auto-sustentados pelos seus utilizadores, permito-me deixar aqui um gráfico extraído do portal PORDATA relativo à Segurança Social…


…que comparando a evolução das receitas e despesas da Segurança Social (medidas em percentagem do PIB) aos longo das três últimas décadas, demonstra que, contrariamente ao que nos é repetidamente assegurado, afinal as receitas excedem regularmente as despesas.

Esta conclusão, mesmo considerando os cuidados a ter na sua leitura por não se conhecer na íntegra a composição das duas rubricas, desmente cabalmente a patranha que insistem em repetir-nos, talvez na expectativa de que acabemos por a aceitar como axioma indesmentível e tomemos como válidas e indispensáveis as políticas que afinal apenas visam reduzir os encargos que possam colocar entraves ao crescimento dos lucros empresariais.

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