Numa palestra
proferida na Ordem dos Economistas e intitulada «A crise
económica portuguesa: diagnósticos e soluções», o chefe de missão do FMI, Abebe Aemro Selassie, assegurou peremptório que «Portugal
pode ter estado social, mas tem de o pagar», afirmação que segue de muito
perto outras proferidas por governantes e opinantes da mesma linha de
pensamento.
Dita por quem foi, perante uma plateia de especialistas
e não tendo havido contestação (a julgar pelas notícias que sobre isso nada
adiantam) poderia pensar-se que a afirmação não permite contestação e que
constituirá, como se pretende, verdade absoluta.
Porém, a crer noutros analistas – entre os quais
alguns dos colaboradores no ensaio «QUEM PAGA O ESTADO SOCIAL EM PORTUGAL?» coordenado
por Raquel Varela – que depois de estudaram diversas economias concluíram que
na generalidade os sistemas de natureza social são auto-sustentados pelos seus
utilizadores, permito-me deixar aqui um gráfico extraído do portal PORDATA
relativo à Segurança Social…
…que
comparando a evolução das receitas e despesas da Segurança Social (medidas em
percentagem do PIB) aos longo das três últimas décadas, demonstra que, contrariamente
ao que nos é repetidamente assegurado, afinal as receitas excedem regularmente as
despesas.
Esta
conclusão, mesmo considerando os cuidados a ter na sua leitura por não se
conhecer na íntegra a composição das duas rubricas, desmente cabalmente a
patranha que insistem em repetir-nos, talvez na expectativa de que acabemos por
a aceitar como axioma indesmentível e tomemos como válidas e indispensáveis as
políticas que afinal apenas visam reduzir os encargos que possam colocar
entraves ao crescimento dos lucros empresariais.
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