segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

LÁGRIMAS, APENAS…


O mais recente episódio dum massacre numa escola norte-americana, poderá não constituir mais que nova oportunidade para ecoarem os lamentos e as desculpas hipócritas dum sistema político incapaz de controlar a verdadeira aberração que constitui o princípio constitucional do direito de porte de arma.

Quantos mais cidadãos de todas as idades desse país continental serão condenados ao sacrifício no altar dum alegado princípio civilizacional?


A ideia da consagração do direito ao porte de arma data dum período da história dos EUA em que esta antiga colónia britânica lutava com os meios disponíveis para assegurar o desejo de independência dos seus cidadãos e quando a inexistência dum sistema de justiça apelava à necessidade de cada um assegurar a sua própria defesa; actualmente invocar semelhante direito constitui não apenas uma tremenda hipocrisia – alimentada financeiramente pela poderosa indústria do armamento através da NRA (National Rifle Association), um dos maiores “lobby” nacionais – mas uma perigosa idiossincrasia que não é estranha à imagem do “cowboy” espalhada por onde quer que o exército americano tenha passado.

É evidente que o problema não se resume a uma simples proibição na venda e posse de armas militares, pois além disso haverá ainda que alterar a mentalidade daqueles que mais facilmente ensinam os filhos a atirar que a valorizar a vida humana; a dimensão do problema (e a constante repetição de episódios mais ou menos sangrentos) é tal que Washington trata-o como matéria muito sensível e embora já tenha sido tornado público que o presidente «Obama defende “mudança” para evitar novos massacres», não o fez de imediato pelo que só o tempo confirmará se se trata duma verdadeira intenção, potenciadora duma nova frente de confronto com o Partido Republicano, ou de mera retórica fúnebre.

Sem comentários: