O mais recente
episódio dum massacre numa escola norte-americana, poderá não constituir mais
que nova oportunidade para ecoarem os lamentos e as desculpas hipócritas dum
sistema político incapaz de controlar a verdadeira aberração que constitui o
princípio constitucional do direito de porte de arma.
Quantos mais
cidadãos de todas as idades desse país continental serão condenados ao
sacrifício no altar dum alegado princípio civilizacional?
A ideia da
consagração do direito ao porte de arma data dum período da história dos EUA em
que esta antiga colónia britânica lutava com os meios disponíveis para
assegurar o desejo de independência dos seus cidadãos e quando a inexistência
dum sistema de justiça apelava à necessidade de cada um assegurar a sua própria
defesa; actualmente invocar semelhante direito constitui não apenas uma
tremenda hipocrisia – alimentada financeiramente pela poderosa indústria do
armamento através da NRA (National Rifle Association), um dos maiores “lobby” nacionais – mas uma perigosa
idiossincrasia que não é estranha à imagem do “cowboy” espalhada por onde quer que o exército americano tenha
passado.
É evidente que
o problema não se resume a uma simples proibição na venda e posse de armas militares,
pois além disso haverá ainda que alterar a mentalidade daqueles que mais
facilmente ensinam os filhos a atirar que a valorizar a vida humana; a dimensão
do problema (e a constante repetição de episódios mais ou menos sangrentos) é
tal que Washington trata-o como matéria muito sensível e embora já tenha sido
tornado público que o presidente «Obama
defende “mudança” para evitar novos massacres», não o fez de imediato pelo
que só o tempo confirmará se se trata duma verdadeira intenção, potenciadora
duma nova frente de confronto com o Partido Republicano, ou de mera retórica
fúnebre.
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