Aproxima-se o
momento em que os gregos se irão pronunciar sobre a aceitação ou a recusa dos
termos propostos pelos credores para manter o financiamento ao seu país.
Resumido por
muitos como uma escolha entre a bancarrota ou mais austeridade, o problema
continua a ser deficientemente apresentado, quiçá pelo próprio governo grego
que marcou o referendo.
Confirmado o
não pagamento da amortização devida ao FMI, extremaram-se as posições entre uma
UE cada vez mais dissociada dos valores da solidariedade, da coesão e da
igualdade entre membros, que estiveram na sua origem, e um governo espartilhado
entre as exigências dos credores (FMI, UE e BCE) com uma economia desfeita pela
aplicação duma austeridade desadequada à origem do problema. Mas ao contrário
do que pretende a maioria dos governos da Zona Euro, o verdadeiro problema da
economia grega não é a dificuldade no pagamento da dívida (liquidez) antes a
dificuldade na criação de riqueza para o seu pagamento ao longo do tempo (solvabilidade);
ou alguém duvida que uma economia onde grassa um desemprego que atinge quase um
terço da população em idade activa e onde há vários anos o investimento está
reduzido a pouco mais que nada, alguma vez conseguirá pagar sustentada e
regularmente as suas dívidas através de meros saldos orçamentais?
Enquanto os
membros do Eurogrupo continuarem a privilegiar a defesa dos interesses
conjunturais do sistema financeiro (o pagamento da próxima tranche de juros ou
de amortização de capital), nem a Grécia nem qualquer outro dos estados
periféricos da Zona Euro poderá encarar o futuro de forma positiva. A solução,
como a realidade o está a demonstrar, não pode persistir na contínua drenagem
de recursos de capital e força de trabalho das economias periféricas da Zona
Euro, condenadas à estagnação pela míngua de investimento, para as economias
mais fortes.
Sem a inversão
desta política, sem dotar os estados periféricos de condições para ensaiarem um
crescimento minimamente sustentado, mais tarde ou mais cedo a “crise” chegará
também àqueles que agora recusam a óbvia necessidade de reestruturar a dívida
grega. Esta é que é a questão que infelizmente o referendo na Grécia não vai
resolver!
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