A notícia de
que o «Ministério
Público brasileiro investiga Lula da Silva» e que na sua mira estarão alguns contactos
mantidos com responsáveis portugueses, já levou a uma reacção onde o
primeiro-ministro «Passos
Coelho garante que "Lula da Silva nunca veio pedir uma cunha"»,
merece uma observação diversa da que a imprensa lhe tem dado.
Tudo terá
começado com uma investigação da polícia brasileira (Operação Lava Jato) sobre
uma rede de branqueamento de capitais, que acabou por se alargar a casos de
suborno, envolvendo grandes empresas, como a petrolífera brasileira – Petrobras
– e a construtora Odebrecht, e tráfico de influências que engloba um número
crescente de políticos influentes. A recente denúncia do envolvimento do
ex-presidente brasileiro, Luís Lula da Silva, colocado sob
investigação por suposto tráfico de influências
justifica de imediato a formulação de dúvidas sobre uma prática que neste país
e nos últimos tempos muito tem sido louvada: a da diplomacia económica.
Qual a
fronteira (se é que existe) entre o “interesse nacional” e o interesse das
empresas nacionais?
A que título
pode um governo que nunca revelou qualquer plano estratégico para o país que é
suposto dirigir, como é o caso do governo de Passos Coelho, praticar uma
“diplomacia económica” (de que o vice-primeiro-ministro Paulo
Portas tanto se ufana e vangloria) não subordinada a interesses
particulares?
Assente a
espuma dos dias agitados que vivemos, quando a integridade e uma clara
separação de interesses deixou de ser característica principal dos dirigentes, qual
será o julgamento que História fará dos políticos que vivem neste “fio da
navalha”? Qual o futuro dos Loureiros, dos Varas e doutros Portas (todos
impolutos campeões da facilitação e da diplomacia económica), quando a
ombridade voltar a ser um valor basilar na sociedade e em especial naqueles que
asseguram a gestão da res publica?
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