Concluído
mais um processo eleitoral, iniciado com o tradicional cerimonial da presença
televisiva do primeiro magistrado do País apelando à participação dos
eleitores, e depois dos analistas extraírem como principal conclusão a vitória
do PS e onde até a «Imprensa
estrangeira destaca pesada derrota do PSD», ficará para os próximos dias
uma avaliação mais cuidada dos efeitos práticos sobre a conturbada coligação
que governa o país.
Mesmo correndo o risco de me repetir a cada novo
acto eleitoral e contrariando a ideia transmitido pelo PUBLICO que «Os
votos de protesto foram os brancos e os nulos, que duplicaram este ano», retorno à famigerada questão da escolha pela
abstenção que os eleitores nacionais parecem preferir cada vez mais às que as
formações políticas (ou as desavenças internas personificadas em pseudo
candidaturas independentes) lhes propõem. Repetir que «Nunca
tantos portugueses ficaram em casa como nestas autárquicas» e que tal se deverá à fraca qualidade dos candidatos além
de redundante parece cada vez menos sustentável, tal é a velocidade de
crescimento do fenómeno e a sua generalização a qualquer dos tipos de acto
eleitoral; recorde-se que nas última presidenciais (reeleição de Cavaco Silva)
a taxa de abstenção atingiu os 53,5% depois de cinco anos antes se ter quedado
pelos 38,5%, ou nas legislativas ter crescido apenas 1,6% entre 2009 e 2011.
Se tudo isto acontece quando a população portuguesa regista as mais
elevadas taxas de formação de sempre, será porque as estruturas políticas não
têm respondido com uma equivalente melhoria na qualidade da informação ou
porque, intencionalmente, àquela escolaridade não correspondem níveis de
formação cívica equivalentes.
Onde nos levará esta situação que a nenhum político parece preocupar? Ao
ridículo de dentro de algum tempo termos eleitos por 20% ou 30% dos eleitores
(como quase aconteceu nestas eleições, quando no concelho de Cascais se
registou uma taxa de participação da ordem dos 38%), ou ao absurdo dos
candidatos se elegerem entre si?
Nem a
canhestra tentativa de justificação ensaiada pelo Presidente da República
quando afirmou que a «Legislação
prejudicou esclarecimento dos eleitores» justifica a conclusão que «Este foi mesmo o pior resultado de
sempre do PSD»; certo é que
se o PS (o partido mais votado) terá alcançado um total nacional na ordem dos
36%, facilmente se constata que pouco mais de metade (52,6% para ser mais
preciso) dos eleitores inscritos se deram ao incómodo de se deslocarem à sua
assembleia de voto. Este resultado foi ainda pior que o de há quatro anos
quando a taxa de abstenção atingiu os 40,99%, valor máximo alguma vez registado
em eleições locais e apenas ligeiramente inferior aos 41,9% registados nas
legislativas de 2011.
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