Apenas
em jeito de anedota se pode conceber a ideia dum chefe de governo que na
apresentação dum documento com a importância dum Orçamento de Estado «admite
que Orçamento tem "vários riscos"».
Semelhante afirmação confirma a impreparação duma equipa governativa
incapaz de eliminar aqueles riscos, substituindo-os por medidas alternativas,
ao mesmo tempo que comprova a opção deliberada por uma estratégia de confronto
com a lei fundamental do país que pretendem governar.
E o pior é que o governo dirigido por Passos Coelho parece conseguir
reunir tudo o que de pior foi revelado pelos seus antecessores e à efabulação
que tantas vezes denunciaram em Sócrates estão a juntar doses acrescidas de
arrivismo e de oportunismo, a menoridade política dos tempos de Durão Barroso
(nada de especial se lembrarmos que em comum contam com a presença não
displicente do malabarista Paulo Portas), a ineficácia do hesitante Guterres, o
dogmatismo espúrio de Cavaco Silva, sem esquecer uma pitada do diletantismo de
Santana Lopes e da bonacheirice de Soares.
Mas o maior
risco do OE não é a declaração de inconstitucionalidade – que Passos Coelho
teme, a ministra
das Finanças admite e que Cavaco Silva já garantiu só ocorrerá lá para
meados de 2014 (de preferência após o encerramento do programa da “troika”) –, antes os evidentes erros
técnicos de que enferma e que serão objecto do próximo “post”.
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