A denúncia da
existência duma operação de espionagem indiscriminada sobre a Internet, levada
a cabo pelo serviços secretos norte-americanos, deve ser levada a sério mesmo
quando os gigantes da Internet (Google, Microsoft, Apple, Yahoo, Facebook,
etc.) negam qualquer participação.
Conhecido pela
sigla PRISM, o programa denunciado por Edward Snowden (um ex-analista da CIA),
possibilitará a monitorização de qualquer comunicação que circule na rede
global e a sua utilização não se resumirá aos EUA, pois segundo o jornal inglês
THE GUARDIAN também os serviços
secretos ingleses o acedem desde 2010.
Depois de em
2010 o WikiLeaks – organização sem fins lucrativos, sediada na Suécia, que publica
anonimamente documentos, fotos e informações sobre assuntos confidenciais ou sensíveis
de governos e empresas – ter divulgado documentos secretos do exército
norte-americano sobre as guerras do Afeganistão e Iraque e mais tarde milhares
de documentos sobre a diplomacia norte-americana, tem crescido o interesse
público sobre questões tão sensíveis. Logo em meados de 2010, no «post» «A BOMBA
AFEGû e mais tarde no quase homónimo «A BOMBA» (a
propósito da divulgação simultânea pelo WikiLeaks
e por jornais como o THE NEW YORK TIMES, THE GUARDIAN, LE MONDE, EL
PAIS e DER SPIEGEL)) procurei
chamar a atenção para a importância do permanente escrutínio público sobre as
actividades pouco transparentes de que persistem rodear-se os governos por esse
mundo fora e de que nem sempre a imprensa estabelecida fornece a adequada informação.
Independentemente
do que cada um pense (governos incluídos) sobre Edward Snowden, Bradley Manning
(o soldado americano acusado de fornecer informação ao WikiLeaks) ou Julian Assange (o rosto mais
conhecido do WikiLeaks e actualmente
refugiado na embaixada do Equador em Londres), considerando-os heróis ou
vilões, o facto é que notícias como a de que a «CIA espiou representações da UE nos EUA e nas Nações
Unidas» não podem merecer reacções simples ou ser esquecidas mediante
meras negações oficiais, tanto mais que o programa denunciado junta interesses
públicos e privados – parte do “trabalho” é executado em sistema de “outsorcing”, como o comprova o facto de
Edward Snowden trabalhar para a Booz Allen
Hamilton (uma empresa de consultadoria especializada em estratégia e
tecnologias de informação) – o que representa um risco acrescido para os
cidadãos de todo o Mundo.
Que os
poderosos por esse Mundo fora receiam (e de que maneira) a informação (boa e
má) que circula na rede global é uma evidência indesmentível pela regular
publicação de notícias que dão conta de todo o tipo de manobras para o seu
silenciamento. Que estas manobras cheguem, nos regimes mais repressivos, a
atingir a perseguição e detenção de opositores é um facto há muito conhecido e
denunciado, agora que até já no EXPRESSO
se possa ter lido que no país “farol das liberdades” o «Exército
americano bloqueia acesso ao jornal "The Guardian"» é bem um
sinal dos riscos do “Big Brother” imaginado por George Orwell no seu visionário
“1984” e contra o qual nos devemos mobilizar.
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