domingo, 23 de junho de 2013

A IMPORTÂNCIA DA HISTÓRIA

É bem sabido que a interrupção das rotinas diárias possibilita o tempo para a releitura de temas que outras urgências levaram a subalternizar. Vem isto a propósito do folheio de jornais com notícias tão diversas como a passagem de mais um aniversário sobre a tomada de posse do actual governo ou a leitura de tonitruantes cabeçalhos, como o que assegura «Passos sem medo dos portugueses e do seu julgamento», trouxe-me há memória os tempos dos bancos da escola primária e a inefável figura do “herói” acarinhado pelo Estado Novo, que dava pelo nome de Geraldo Geraldes – o Sem Pavor!


Ao que rezavam os livros obrigatórios da época, o figurão não enjeitava a mínima oportunidade para espadeirar a torto e a direito e se se lhe terá ficado a dever a conquista de Évora também se lhe devem creditar desaires como uma famigerada tentativa de conquista de Badajoz e uma temerária primeira tentativa de conquista no Norte de África onde perderia a vida.

A recordação da figura mais ou menos histórica, que ainda hoje é lembrada na toponímia da praça central de Évora, foi reforçada por outros cabeçalhos, como aquele que cita Freitas do Amaral dizendo que «Situação do país é igual à crise de 1383/85 e ao domínio filipino», referência que obrigatoriamente recorda a forma como terminou a ocupação castelhana, quando Miguel de Vasconcelos, o representante da coroa espanhola em Lisboa, foi defenestrado (na realidade já se encontrava morto) no Terreiro do Paço.

Nunca é demais lembrar, como afirmou o filósofo espanhol Jorge Santayana, que "Quem não recorda o passado está condenado a repeti-lo" numa clara alusão à necessidade do conhecimento actual reflectir sobre os erros passados sob pena de reincidência.

Não segui a proposta de Freitas do Amaral de recordar aqui o episódio do 1º de Dezembro de 1640 por simples analogia com o facto do “defenestrado de Lisboa” ter ocupado cargos equivalentes aos de ministro das finanças ou de primeiro-ministro nem por este se ter destacado por uma feroz política de aumento de impostos , antes porque a importância da História não se fica apenas pela comparação proposta, nem se deve resumir ao simbolismo do golpe palaciano que em 1640 devolveu a independência ao país, principalmente no sentido que lhe deu Viriato Soromenho Marques em «Revisitar 1383» quando salientou o facto de «...tanto em 2013 como em 1383 o destino do País estar vitalmente associado à dinâmica de reconfiguração da geografia política na Europa», a que acrescentaria ainda o sentido revolucionário e popular atribuído àquela crise dinástica por António Borges Coelho na sua obra: A Revolução de 1383, para concluir há semelhança de Baptista-Bastos: «Senhor: não lhes perdoeis porque eles sabem o que fazem».

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