domingo, 16 de junho de 2013

A ILUSÓRIA BONANÇA

A notícia recentemente divulgada pelo NEGÓCIOS de que o «Banco Mundial corta previsões para a economia mundial» está longe de se poder considerar sensacional por quem tenha acompanhado a evolução global. Assim, a aparente sensação de tranquilidade transmitida pelos mercados financeiros continua a ser regularmente abalada pela publicação de notícias que indiciam o retorno de cenários recessivos, às quais os países estão a responder com diferentes estratégias. Enquanto uns parecem conduzidos pelo desespero, outros estão a revelar capacidades de adaptação a um mundo em mudança.


Contrariamente ao pretendido, a crise global despoletada pelo rebentamento da bolha do “subprime” norte-americano ainda não foi ultrapassada uma vez que a economia real nunca se recompôs do choque da sua conjugação com a crise de liquidez do sistema bancário que se lhe seguiu. Quando a Europa regressa a uma situação de recessão, aquando o «Banco Mundial revê em baixa previsão de crescimento da China em 2013» devido às exportações darem sinal de abrandamento e já público que a «Produção industrial nos EUA fica aquém do esperado» no último mês, bem se pode antever o regresso a um cenário de recessão mundial, facto que transparecerá melhor quando se observa o Global Leading Indicator produzido pela Goldman Sachs:


Esta expectativa estará já a ser incorporada nas estratégias dos principais agentes sendo já detectáveis dois grandes grupos de opções estratégicas. Um, que repete os modelos tradicionais, está a ser seguido pelo sector financeiro que com a agilidade que se lhe conhece anuncia bons resultados trimestrais (mecanismo habitualmente seguro para a atrair novos investidores ou segurar os actuais) ou a alienação de activos líquidos, mediante significativas reduções nas reservas de ouro, como revela esta notícia do website ZERO HEDGE sobre o JP Morgan.

Enquanto nos corredores da alta finança já se estarão a antecipar ventos procelosos e a recorrer aos habituais mecanismos de salvaguarda – fazendo aumentar uma tensão agravada por uma conjuntura política onde sobressai a tendência para os estados reduzirem as prerrogativas dos paraísos fiscais (campo privilegiado de actuação do sector financeiro e seu importante gerador de ganhos) em busca dos rendimentos de que desesperadamente carecem – recorrendo a estratégias meramente preventivas que terão estado na origem de notícias como a de que o «Preço do ouro deve bater mínimo de três anos no próximo mês», outros intervenientes, como a China, estão a aumentar as suas importações do metal amarelo no que poderá ser entendido como sinal duma estratégia personalizada que poderá desembocar num reforço do papel internacional da sua moeda (e numa redução das suas reservas em dólares e euros) quando é bem conhecida a intenção dos BRICS (potências emergentes) de se libertarem das divisas fortes, de irem aumentarem a sua relevância no plano internacional e virem a criar o seu próprio banco de desenvolvimento.

Este pode até ser mais importante enquanto sinal duma estratégia inovadora perfeitamente consentânea com a abordagem duma crise sistémica e diferenciador dos que a abordam numa perspectiva conservadora (em especial a velha Europa) que não poderá senão fracassar.

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