A notícia
recentemente divulgada pelo NEGÓCIOS
de que o «Banco
Mundial corta previsões para a economia mundial» está longe de se poder
considerar sensacional por quem tenha acompanhado a evolução global. Assim, a
aparente sensação de tranquilidade transmitida pelos mercados financeiros
continua a ser regularmente abalada pela publicação de notícias que indiciam o
retorno de cenários recessivos, às quais os países estão a responder com
diferentes estratégias. Enquanto uns parecem conduzidos pelo desespero, outros
estão a revelar capacidades de adaptação a um mundo em mudança.
Contrariamente
ao pretendido, a crise global despoletada pelo rebentamento da bolha do “subprime” norte-americano ainda não foi
ultrapassada uma vez que a economia real nunca se recompôs do choque da sua
conjugação com a crise de liquidez do sistema bancário que se lhe seguiu.
Quando a Europa regressa a uma situação de recessão, aquando o «Banco Mundial revê em baixa previsão de crescimento
da China em 2013» devido às exportações
darem sinal de abrandamento e já público que a «Produção industrial nos EUA fica aquém do esperado»
no último mês, bem se pode antever o regresso a um cenário de recessão mundial,
facto que transparecerá melhor quando se observa o Global
Leading Indicator produzido pela Goldman Sachs:
Esta
expectativa estará já a ser incorporada nas estratégias dos principais agentes
sendo já detectáveis dois grandes grupos de opções estratégicas. Um, que repete
os modelos tradicionais, está a ser seguido pelo sector financeiro que com a
agilidade que se lhe conhece anuncia bons resultados trimestrais (mecanismo
habitualmente seguro para a atrair novos investidores ou segurar os actuais) ou
a alienação de activos líquidos, mediante significativas reduções nas reservas
de ouro, como revela esta
notícia do website ZERO HEDGE sobre o JP Morgan.
Enquanto nos
corredores da alta finança já se estarão a antecipar ventos procelosos e a
recorrer aos habituais mecanismos de salvaguarda – fazendo aumentar uma tensão
agravada por uma conjuntura política onde sobressai a tendência para os estados
reduzirem as prerrogativas dos paraísos fiscais (campo privilegiado de actuação
do sector financeiro e seu importante gerador de ganhos) em busca dos
rendimentos de que desesperadamente carecem – recorrendo a estratégias
meramente preventivas que terão estado na origem de notícias como a de que o «Preço do
ouro deve bater mínimo de três anos no próximo mês», outros intervenientes,
como a China, estão a aumentar as suas importações do metal amarelo no que
poderá ser entendido como sinal duma estratégia personalizada que poderá
desembocar num reforço do papel internacional da sua moeda (e numa redução das
suas reservas em dólares e euros) quando é bem conhecida a intenção dos BRICS
(potências emergentes) de se libertarem das divisas fortes, de irem aumentarem
a sua relevância no plano internacional e virem a criar o seu próprio banco de
desenvolvimento.
Este pode até ser mais importante enquanto sinal duma estratégia
inovadora perfeitamente consentânea com a abordagem duma crise sistémica e
diferenciador dos que a abordam numa perspectiva conservadora (em especial a
velha Europa) que não poderá senão fracassar.
Sem comentários:
Enviar um comentário