A notícia hoje em destaque
no ECONÓMICO de que o «Número de milionários em Portugal cresceu apesar da crise», leva-me a repetir aqui dois alertas:
Primeiro; tudo o que se lê ou ouve na imprensa tem forçosamente que ser
sujeito a um processo de reflexão, não podendo em caso algum ser aceite como
verdade absoluta. Tenho colocado esta questão inúmeras vezes neste espaço, a
propósito das mais variadas notícias, a ponto de quase se poder dizer que o
leitor informado não é o que lê mas o que reflecte sobre o que lhe foi dado
ler; não apenas relativamente ao conteúdo mas até sobre a oportunidade da sua
divulgação.
Segundo; independentemente
da análise do conteúdo concreto, a notícia confirma afinal o que em diversas
ocasiões tenho procurado clarificar: a crise que o país atravessa é apenas um
meio para assegurar (e acelerar) o processo de concentração da riqueza,
transferindo-a dos segmentos de menores recursos para os de menores recursos. É
curioso que na mesma data e noutro jornal (o DN)
Viriato Soromenho-Marques tenha escrito em «No mesmo
barco», a propósito duma entrevista de Angela Merkel ao Der Spiegel, que «...na Europa,
mesmo antes da crise, se tem assistido a uma enorme concentração do rendimento
no 1% da população mais rica. Não se trata apenas de uma crise de crescimento,
mas de uma captura do sistema político pela oligarquia económica»
Assim, se o ECONÓMICO quisesse prestar um verdadeiro serviço de
informação deveria ter escrito que o NÚMERO DE MILIONÁRIOS EM PORTUGAL CRESCEU
GRAÇAS À CRISE, mas isso seria esperar demasiado da oligarquia económica
referida por Soromenho-Marques.
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