quarta-feira, 26 de junho de 2013

MILIONÁRIOS E CRISE

A notícia hoje em destaque no ECONÓMICO de que o «Número de milionários em Portugal cresceu apesar da crise», leva-me a repetir aqui dois alertas:


Primeiro; tudo o que se lê ou ouve na imprensa tem forçosamente que ser sujeito a um processo de reflexão, não podendo em caso algum ser aceite como verdade absoluta. Tenho colocado esta questão inúmeras vezes neste espaço, a propósito das mais variadas notícias, a ponto de quase se poder dizer que o leitor informado não é o que lê mas o que reflecte sobre o que lhe foi dado ler; não apenas relativamente ao conteúdo mas até sobre a oportunidade da sua divulgação.

Segundo; independentemente da análise do conteúdo concreto, a notícia confirma afinal o que em diversas ocasiões tenho procurado clarificar: a crise que o país atravessa é apenas um meio para assegurar (e acelerar) o processo de concentração da riqueza, transferindo-a dos segmentos de menores recursos para os de menores recursos. É curioso que na mesma data e noutro jornal (o DN) Viriato Soromenho-Marques tenha escrito em «No mesmo barco», a propósito duma entrevista de Angela Merkel ao Der Spiegel, que «...na Europa, mesmo antes da crise, se tem assistido a uma enorme concentração do rendimento no 1% da população mais rica. Não se trata apenas de uma crise de crescimento, mas de uma captura do sistema político pela oligarquia económica»

Assim, se o ECONÓMICO quisesse prestar um verdadeiro serviço de informação deveria ter escrito que o NÚMERO DE MILIONÁRIOS EM PORTUGAL CRESCEU GRAÇAS À CRISE, mas isso seria esperar demasiado da oligarquia económica referida por Soromenho-Marques.

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