Encerra-se
este fim-de-semana a sessão anual do Clube Bilderberg, o selecto “clube” que
reúne a elite mundial que se propõe (segundo a sua página
oficial) debater este ano os seguintes temas:
• Podem os EUA e a Europa crescer
rapidamente e criar emprego?
• Emprego, direitos e dívidas
• Como a grande informação está a
mudar quase tudo
• Nacionalismo e Populismo
• A política externa dos EUA
• Os desafios de África
• A guerra cibernética e a
proliferação de ameaças assimétricas
• Principais tendências na pesquisa
médica
• A educação online: promessa e
impactos
• Política da União Europeia
• Desenvolvimentos no Médio Oriente
Para o efeito
rodearam o Hotel Grove, em Watford no condado de Hertfordshire e a uns escassos
32 km de Londres, das habituais medidas de segurança que levou o DN a escrever, numa clara alusão aos meios
envolvidos, que «Contribuintes
poderão pagar reunião do grupo Bilderberg» e o THE
GUARDIAN (um dos jornais que anualmente costuma destacar-se no acompanhamento
destas reuniões) a descrevê-la assim: «A área em
volta do hotel está bloqueada: os moradores têm que mostrar os seus
salvo-condutos (a
referência é retirada desta notícia dum jornal local, o WATFORD OBSERVER) para chegar às suas casas. É demasiado
emocionante para os delegados. O CEO da Royal Dutch Shell vai sair da sua
limusine exultante por passar três dias inteiros em negociações políticas com o
chefe do HSBC, o presidente da Dow Chemical, os ministros das finanças europeus
preferidos e os chefes da espionagem dos EUA. A conferência é o destaque do ano
de cada plutocrata e assim tem sido desde 1954» quando se reúnem em locais
mais ou menos luxuosos para ouvirem, outros
(poucos) para serem ouvidos e um terceiro grupo para ser “reconhecido”.
Isso
mesmo ficou um pouco mais claro quando o ECONÓMICO
noticiou há dias que haverá «Quatro
portugueses na reunião do clube Bilderberg» e o sempre muito bem informado EXPRESSO (não fosse Francisco Pinto
Balsemão uma das figuras de proa do clube) a anunciar a participação de «Seguro e
Portas na Bilderberg»; a participação do líder da oposição insere-se na
lógica de apresentação de candidatos credíveis (honra correspondida com a
notícia de que «Seguro
diz que pagar o que se deve é questão de honra e rejeita perdão de dívida»),
há semelhança das anteriores de José Sócrates, Pedro Santana Lopes, Durão
Barroso (que agora repete na qualidade de presidente da Comissão Europeia) e António
Guterres (todos candidatos confirmados a chefiar governos) ou de Ferro
Rodrigues, António Costa e agora Paulo Portas (os que não alcançaram o Olimpo).
É claro que o
objectivo da reunião está muito para além destas “investiduras” e o facto é que
embora agora um pouco menos “secreta”, já que este ano, segundo a
mesma notícia de THE GUARDIAN, «…haverá muito
mais "escrutínio público" sobre o Bilderberg. A pressão dos
jornalistas e activistas resultou em concessões da organização: pela primeira
vez em 59 anos, haverá no local uma assessoria de imprensa não oficial,
composta por voluntários…», nem por isso os seus membros deixarão de
continuar a influenciar, para o melhor e o pior, os destinos dos milhares de
milhões de cidadãos do planeta a quem continuam a recusar o direito de fazer
ouvir as opiniões e de cumprir as vontades.
Segundo
informa o mesmo THE GUARDIAN, para o
conseguirem (porque o custo duma organização desta natureza é directamente
proporcional ao estatuto e qualidade dos participantes) beneficiam do apoio
duma «…instituição de caridade registada oficialmente como a
Associação Bilderberg…» que felizmente «…recebe
regularmente quantias de cinco dígitos de dois gentis apoiantes dos seus
benevolentes objectivos: a Goldman Sachs e a BP». Dúvidas sobre o verdeiro
objectivo duma cimeira que junta a nata da finança e da indústria mundial com
os seus dilectos representantes (os políticos que fazem, ou querem fazer,
eleger pelas populações) e alguns jornalistas (criteriosamente seleccionados e
ligados aos influentes The Economist ou do Financial Times) para ouvirem gurus
como Henry Kissinger (ex-secretário de estado de Richard Nixon e Gerald Ford,
membro da Comissão Trilateral) ou Robert Zoellick (ex-administrador do Goldman
Sachs, ex-secretário de estado de George W Bush e ex-presidente do Banco
Mundial), são tanto mais justificadas quanto é espesso o manto de silêncio que
tem coberto as anteriores iniciativas.
Distantes
parecem os tempos em que escrevi nos “posts”
«BILDERBERG
2009» e «TENHAM
MEDO... MUITO MEDO...» sobre os “segredos” que então se tentavam preservar
através do elitismo dos participantes e das densas cortinas de desinformação e
segurança policial que rodeavam o “clube”, adensando a ideia de que este
pretenderá esconder mais do que candidamente deixa transparecer; situação que se
mantém na actualidade, bastando recordar que alguns dos seus membros regulares
e mais proeminentes participam noutras organizações – como a já referida
Comissão Trilateral – e em “think tanks”
com reconhecidos papéis interventivos na definição das grandes linhas da
política mundial (como é o caso do conceituado Council on Foreign Relations),
pelo que as anunciadas medidas de abertura e transparência não deverão passar
de mera manobra de contra-informação.
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