Nem sempre nem
nunca, diz o aforismo a que muitas vezes recorremos, mas que poucas vezes terá
feito tanto sentido quanto agora, nesta Europa onde o tempo urge.
Não costumo
limitar-me a reproduzir aqui directamente o que outros escrevem, mas não
resisto hoje a fazê-lo. Impulso após a leitura da crónica
hoje publicada por Viriato Soromenho Marques no DN, na qual sintetiza
perfeitamente a emergência que vive a UE:
«O dia seguinte
Imaginemos o que teria acontecido em
Outubro de 1962, durante a crise dos mísseis de Cuba, se Kennedy e Krutchev
tivessem imposto a lógica de "salvar a face" ao critério da salvação
do interesse público, que é o coração da grande política? A humanidade não foi
destruída por uma devastadora guerra atómica porque os dirigentes dos EUA e da
ex-URSS perceberam que a política deve ser sempre a arte do compromisso, se o
que estiver em causa for salvar a vida, a propriedade e o sonho de um futuro digno
do maior número possível de pessoas. O dia seguinte mais importante, depois
destas eleições gregas, não é o que ditará a formação com sucesso dum governo
fiel à disciplina da troika. O dia a seguir que importa é aquele em que em
Berlim e Bruxelas tombe o véu da crispação, e seja visível que o que está em
causa não é "salvar a face" perante um povo que recusa continuar a
engolir a cicuta de uma austeridade irracional, mas sim garantir o direito ao
futuro, com paz e prosperidade, de 500 milhões de europeus habitando nos 27
países da União Europeia. Ou todos perderemos, e a Europa recua da civilização
à barbárie. Ou todos venceremos, e seremos capazes de construir uma Europa
federal, como comunidade de destino.
Viriato Soromenho Marques»
tanto mais
justificado quanto o texto expressa muito claramente a grande dúvida que tantas
vezes aqui tenho referido: existirão na Europa políticos para levar avante o
projecto de integração europeu?
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