Na semana de
novas cimeiras (Rio+20 no Brasil, G20 no México e Ecofin, no Luxemburgo)
saldadas, como sempre, por inabaláveis declarações de princípios (pontilhadas
aqui e ali por notícias do teor da que «Quase ninguém sabe o
que os governos estão a decidir no Rio+20»), e apesar da notícia de que «Ecofin:
grupo restrito aceita iniciar o processo para criar taxa Tobin», o maior
destaque ainda acabará por ser o resultado das eleições gregas.
No dia 17 de
Junho os gregos voltaram às urnas e o resultado, apesar de semelhante ao de 6
Maio, acabou por clarificar muito da vida política europeia. E quando os políticos
voltam a revelar deficiências na correcta interpretação da realidade,
valham-nos os humoristas…
… para que
ninguém duvide da natureza do verdadeiro vencedor.
Graças ao
recurso a todas as “armas” disponíveis (e a menor delas não foi senão a constante
instilação do medo) os principais responsáveis pelas dificuldades que a
população atravessa – PASOK e Nova Democracia, partidos que têm dividido o
poder no país, eurocratas, como Durão Barroso e Van Rompuy, e governos
conservadores, com o da Alemanha na primeira linha – asseguraram a manutenção
dum “status quo” particularmente
favorável.
A dúvida, a
grande dúvida, é quanto tempo o medo será mais forte que a revolta que
inevitavelmente se seguirá à constatação de nova desilusão, de mais um resgate
e do próximo “pacote de austeridade”. Será reconfortante ler-se que a cimeira
do «G20
apela a menos austeridade na Europa» enquanto se aguarda por políticas que
voltem a reanimar as economias europeias, mas enquanto estas continuarem a
esfumar-se no dogmatismo germânico deveremos esperar o recender das tensões
sociais e políticas nas economias submetidas aos programas de recuperação
financeira.
Que esta não é
uma hipótese espúria veja-se que no rescaldo da cimeira do México, o presidente
russo afirmou-se «mais
preocupado com o dólar americano que com o euro», tanto mais que também os
americanos terão ainda este ano eleições presidenciais.
Aliás, não foi
apenas Putin a colocar questões além da preocupação europeia, pois durante a
reunião ficou claro que os «BRIC
querem mais poder de voto para aumentarem as contribuições para o FMI»,
condição para reforçar a capacidade financeira do organismo que tem sido um dos
principais pilares do modelo da globalização e que assim arrisca deixar de ser
o porta-bandeira dos interesses ocidentais.
Quando parece
cada vez mais adquirida a noção que travessamos um período de elevada
incerteza, a ponto de até já Durão Barroso classificar a crise em curso como
uma crise sistémica (veja-se
esta notícia do PUBLICO), a única certeza continua a ser a evidente
inoperância e incapacidade dos políticos para enfrentarem uma situação – tão
evidente que nem o primeiro-ministro italiano se coíbe de afirmar que «Temos
uma semana par salvar a Zona Euro» – que evidencia claros sinais de
deterioração «Enquanto
a economia alemã arrefece, Itália receia contágio da crise».
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