Com reduzida
repercussão na imprensa nacional, está em vias de se cumprir o terceiro mês de
agitação estudantil no Québec, aquela que é a maior província do Canadá e a
segunda mais populosa.
Despoletada
pela decisão do governo liberal de aumentar em 75% as propinas escolares, a
contestação tem subido de tom com a não menos polémica decisão de implementar
regras mais restritivas ao direito de manifestação, hipocritamente apresentadas
pelo ministro do interior, Robert Dutil, como necessárias para a protecção dos
manifestantes.
A
própria BBC
noticiou há dias que «Dezenas de milhares de manifestantes encheram as ruas de
Montreal para assinalar 100 dias desde que começaram os protestos contra um
aumento prevista das propinas dos alunos»,
no que também pode ser entendido como uma clara resposta de contestação às
restrições ao direito de manifestação. Estas manifestações,
pacíficas no início, têm vindo a registar uma escalada de violência que, longe
de justificar as medidas extraordinárias, levam a pensar que a radicalização da
resposta do governo provincial cumpre outra função bem diferente da anunciada.
Se no plano
político já se começam a construir cenários de eleições antecipadas (Jean
Charest, o advogado e actual primeiro ministro da província que lidera o
Partido Liberal do Québec, não deverá enjeitar uma oportunidade que promete
reforçar-lhe a maioria), tanto mais que a musculadas reacção à contestação (bem
patente nas 700 detenções efectuadas na noite de 24 para 25 de Maio, noticiada pela BBC,
em apenas duas localidades da província) não facilitará uma rápida
normalização, é no plano social e em especial na crescente taxa de desemprego entre
os mais jovens (o dobro da taxa nacional, segundo
esta notícia da CBC) que a contestação estudantil deve ser inserida e razão
suficiente para acompanharmos o seu desenvolvimento.
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