domingo, 27 de maio de 2012

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Com reduzida repercussão na imprensa nacional, está em vias de se cumprir o terceiro mês de agitação estudantil no Québec, aquela que é a maior província do Canadá e a segunda mais populosa.

Despoletada pela decisão do governo liberal de aumentar em 75% as propinas escolares, a contestação tem subido de tom com a não menos polémica decisão de implementar regras mais restritivas ao direito de manifestação, hipocritamente apresentadas pelo ministro do interior, Robert Dutil, como necessárias para a protecção dos manifestantes.


A própria BBC noticiou há dias que «Dezenas de milhares de manifestantes encheram as ruas de Montreal para assinalar 100 dias desde que começaram os protestos contra um aumento prevista das propinas dos alunos», no que também pode ser entendido como uma clara resposta de contestação às restrições ao direito de manifestação. Estas manifestações, pacíficas no início, têm vindo a registar uma escalada de violência que, longe de justificar as medidas extraordinárias, levam a pensar que a radicalização da resposta do governo provincial cumpre outra função bem diferente da anunciada.

Se no plano político já se começam a construir cenários de eleições antecipadas (Jean Charest, o advogado e actual primeiro ministro da província que lidera o Partido Liberal do Québec, não deverá enjeitar uma oportunidade que promete reforçar-lhe a maioria), tanto mais que a musculadas reacção à contestação (bem patente nas 700 detenções efectuadas na noite de 24 para 25 de Maio, noticiada pela BBC, em apenas duas localidades da província) não facilitará uma rápida normalização, é no plano social e em especial na crescente taxa de desemprego entre os mais jovens (o dobro da taxa nacional, segundo esta notícia da CBC) que a contestação estudantil deve ser inserida e razão suficiente para acompanharmos o seu desenvolvimento.

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