segunda-feira, 7 de maio de 2012

A GRANDE DERROTA


O inevitável rescaldo das eleições realizadas este fim-de-semana na Europa é que a maioria dos eleitores rejeita as políticas de austeridade aplicadas no combate à crise europeia.


E o principal sinal nem sequer vem de Paris, onde como previsto Nicolas Sarkozy conseguiu o feito de perder a reeleição que disputou com François Hollande, nem de Atenas, onde os habituais partidos do poder (PASOK e Nova Democracia) se ficaram aquém da maioria parlamentar que certamente ambicionavam, mas sim da própria Alemanha, onde a CDU (partido de Angela Merkel) perdeu votos na eleição regional do estado de Schleswig-Holstein obtendo o seu pior resultado no último meio século e o partido parceiro de coligação (os Democratas Livres) viu-se relegado para uma expressão equivalente à do Partido Pirata (8,5%).

Nem a contestação interna, nem a perspectiva de mudança na política francesa ou o claro impasse na situação grega parecem suficientes para motivar alguma inflexão do outro lado do Reno pois o porta-voz do governo de Berlim já reafirmou que a «Alemanha diz que o plano europeu é a “melhor via” para Atenas e rejeita mudar regras»; mesmo que este dogmatismo venha a registar alguma suavização, possível face à declaração de que o primeiro-ministro italiano «Prodi quer eixo para refrear a Alemanha», é bem provável que só a derrota de Merkel nas próximas eleições legislativas alemãs venha a representar uma efectiva inflexão na estratégia do “quanto mais pobres melhor”, especialmente cara a Passos Coelho.

Ao que tudo indica, para este e para a sua mentora, Merkel, apenas uma derrota eleitoral, mais estrondosa que a que Sarkozy tanto fez por merecer, ou um movimento de desobediência civil, como o que na Islândia impediu a aplicação pura e dura das linhas programáticas do FMI, é que poderão pôr fim à absurda ideia de que só a destruição da economia poderá assegurar o futuro.

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