O inevitável
rescaldo das eleições realizadas este fim-de-semana na Europa é que a maioria
dos eleitores rejeita as políticas de austeridade aplicadas no combate à crise
europeia.
E o principal
sinal nem sequer vem de Paris, onde como previsto Nicolas Sarkozy conseguiu o
feito de perder a reeleição que disputou com François Hollande, nem de Atenas,
onde os habituais partidos do poder (PASOK e Nova Democracia) se ficaram aquém
da maioria parlamentar que certamente ambicionavam, mas sim da própria
Alemanha, onde a CDU (partido de Angela Merkel) perdeu votos na eleição
regional do estado de Schleswig-Holstein obtendo o seu pior resultado no último
meio século e o partido parceiro de coligação (os Democratas Livres) viu-se
relegado para uma expressão equivalente à do Partido Pirata (8,5%).
Nem a
contestação interna, nem a perspectiva de mudança na política francesa ou o
claro impasse na situação grega parecem suficientes para motivar alguma
inflexão do outro lado do Reno pois o porta-voz do governo de Berlim já reafirmou
que a «Alemanha
diz que o plano europeu é a “melhor via” para Atenas e rejeita mudar regras»;
mesmo que este dogmatismo venha a registar alguma suavização, possível face à
declaração de que o primeiro-ministro italiano «Prodi
quer eixo para refrear a Alemanha», é bem provável que só a derrota de
Merkel nas próximas eleições legislativas alemãs venha a representar uma
efectiva inflexão na estratégia do “quanto mais pobres melhor”, especialmente
cara a Passos Coelho.
Ao que tudo
indica, para este e para a sua mentora, Merkel, apenas uma derrota eleitoral,
mais estrondosa que a que Sarkozy tanto fez por merecer, ou um movimento de
desobediência civil, como o que na Islândia impediu a aplicação pura e dura das
linhas programáticas do FMI, é que poderão pôr fim à absurda ideia de que só a
destruição da economia poderá assegurar o futuro.
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