quinta-feira, 24 de maio de 2012

BOLA DE NEVE


Depois de várias vezes ter reafirmado que não haveria lugar a mais medidas de austeridade e negado a menor hipótese a um prejudicial efeito bola de neve, eis que a sucessão de notícias sobre o contínuo agravar da taxa de desemprego e o recente reconhecimento pela OCDE de que «Desemprego e défice mais altos podem obrigar a mais medidas» restritivas, parecem indiciar que Passos Coelho e o seu governo PSD/CDS irão novamente afivelar a maior cara-de-pau e voltar a agravar as condições de vida da generalidade dos portugueses.


Tal como o fez para o problema do desemprego – hipocritamente apresentado como uma oportunidade – também um novo pacote de cortes no financiamento à saúde, à educação, ao desemprego e nos salários virá a ser apresentado aos seus eleitores como o derradeiro sacrifício e uma excelente oportunidade para… empobrecermos.

A persistência numa estratégia de subordinação da realidade a um modelo ideológico de comprovada incapacidade para explicar essa mesma realidade (algo tão perigoso e preocupante como o irrealismo que PSD e CDS apontaram ao anterior governo do PS) começa a acuar cada vez este governo a uma posição insustentável; quando o próprio «Conselho das Finanças Públicas diz que estratégia do Governo é “apropriada”, mas previsões “optimistas”» ou que «Governo deve “racionalizar” em vez de cortar salários», está dado o mote a todo o tipo de questões e dúvidas, tanto mais que aquele Conselho, presidido por Teodora Cardoso e integrado por um “técnico” alemão e outro húngaro, em caso algum pode ser apelidado de radical.

A observação vem corroborar o que a propósito do DEO (Documento de Estratégia Orçamental) anunciou há semanas a UTAO (Unidade Técnica de Apoio ao Orçamento) quando deixou o aviso de que o «Optimismo do Executivo pode obrigar a novas medidas extraordinárias», análises contrariadas pelo ministro da Economia, «Santos Pereira diz que Governo já foi além da "troika" nas reformas», pelo primeiro-ministro «Passos Coelho garante só pedir sacrifícios necessários» ou quando no final do mês passado o ministro das Finanças, Vitor Gaspar, assegurou que «Governo não prevê mais medidas de austeridade».

Confuso? Não! É mais um governo português no seu melhor; desdizendo hoje o que ontem afirmou categoricamente e lembrando, sempre, que “só fala verdade”!

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