Depois de
várias vezes ter reafirmado que não haveria lugar a mais medidas de austeridade
e negado a menor hipótese a um prejudicial efeito bola de neve, eis que a
sucessão de notícias sobre o contínuo agravar da taxa de desemprego e o recente
reconhecimento pela OCDE de que «Desemprego
e défice mais altos podem obrigar a mais medidas» restritivas, parecem
indiciar que Passos Coelho e o seu governo PSD/CDS irão novamente afivelar a
maior cara-de-pau e voltar a agravar as condições de vida da generalidade dos
portugueses.
Tal como o fez
para o problema do desemprego – hipocritamente apresentado como uma
oportunidade – também um novo pacote de cortes no financiamento à saúde, à
educação, ao desemprego e nos salários virá a ser apresentado aos seus
eleitores como o derradeiro sacrifício e uma excelente oportunidade para…
empobrecermos.
A persistência
numa estratégia de subordinação da realidade a um modelo ideológico de
comprovada incapacidade para explicar essa mesma realidade (algo tão perigoso e
preocupante como o irrealismo que PSD
e CDS apontaram ao anterior governo do PS) começa a acuar cada vez este governo
a uma posição insustentável; quando o próprio «Conselho
das Finanças Públicas diz que estratégia do Governo é “apropriada”, mas
previsões “optimistas”» ou que «Governo
deve “racionalizar” em vez de cortar salários», está dado o mote a todo o
tipo de questões e dúvidas, tanto mais que aquele Conselho, presidido por Teodora
Cardoso e integrado por um “técnico” alemão e outro húngaro, em caso algum pode
ser apelidado de radical.
A observação
vem corroborar o que a propósito do DEO (Documento de Estratégia Orçamental) anunciou
há semanas a UTAO (Unidade Técnica de Apoio ao Orçamento) quando deixou o aviso
de que o «Optimismo
do Executivo pode obrigar a novas medidas extraordinárias», análises contrariadas
pelo ministro da Economia, «Santos
Pereira diz que Governo já foi além da "troika" nas reformas»,
pelo primeiro-ministro «Passos
Coelho garante só pedir sacrifícios necessários» ou quando no final do mês
passado o ministro das Finanças, Vitor Gaspar, assegurou que «Governo
não prevê mais medidas de austeridade».
Confuso? Não!
É mais um governo português no seu melhor; desdizendo hoje o que ontem afirmou
categoricamente e lembrando, sempre, que “só fala verdade”!
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