Enquanto
assistimos ao desenrolar da última produção da ficção nacional – a “novela” do
consenso dos partidos do “arco do poder” – o Mundo continua a girar e a
produzir informação que por razões seguramente substantivas persistem esquecidas
das principais notícias que a imprensa nacional disponibiliza.
Assim,
enquanto por cá alguns se regozijavam com a informação que «Cavaco
destaca «sinais positivos» que saem das reuniões» tripartidas ou se preocupavam
com o reconhecimento que a possibilidade de «Acordo
com Governo pode provocar revolta interna no PS» e agora, depois que «Seguro
anuncia que não houve acordo com PSD e CDS», pondera qual será a decisão de
Cavaco Silva, a OCDE (Organização para a
Cooperação e o Desenvolvimento Económico) publicava no estudo Perspectivas sobre
o Emprego - 2013 que nos últimos seis anos o conjunto das economias mais
desenvolvidas viu 48 milhões de pessoas (8% da sua população activa) excluídas
do mercado de trabalho, facto que pouco destaque mereceu. E
o mais preocupante é que além dos níveis de desemprego registados em países
europeus como a Grécia e Espanha, equivalentes aos da Grande Depressão, persiste
outra dura realidade que é o desemprego jovem, segmento onde se atingiram as
taxas inéditas de 60% na Grécia, 55% em Espanha e 40% em Itália e Portugal.
Os efeitos que
estes números têm no dia-a-dia dos cidadãos começam a revelar-se até em estudos
de mercado que asseguram que «Famílias
em “modo de sobrevivência” já compram menos pão, azeite e fruta», mas os
efeitos a longo prazo gerados pelos prolongados períodos de desemprego a que
estão a ser sujeitas as gerações mais jovens, como sejam a desmotivação e a
tendência para virem a auferir salários mais baixos, só serão sentidos mais
tarde.
Quase
seguramente para eles e para a sociedade que voltará a ver-se obrigada a
suportar mais este custo a que está a ser condenada pela incúria e a inépcia
das actuais lideranças e que seguramente não será contrariada nem pela
perspectiva de que o «Crescimento
e emprego são prioridade para a reunião do G20» em curso, porque os
interesses representados nessa cimeira não são os das populações mas os das
elites que estão na origem dos problemas.
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