quarta-feira, 1 de maio de 2013

A MAGIA DO REGRESSO AO PASSADO

A notícia de que a «Oposição de centro-direita vence eleições na Islândia» merece atenção, mais que não fosse pelo aparentemente insólito resultado que afastou a coligação de esquerda que conduziu o país no rescaldo da avassaladora crise de 2008.

Depois de ter conseguido o quase milagre do regresso ao crescimento da economia e do retrocesso do desemprego, a coligação entre a Aliança Social-Democrata e o Movimento de Esquerda Verde foi claramente batida nas eleições, que tiveram lugar na Islândia no último fim-de-semana, pelos dois principais partidos mais à direita que garantiram uma maioria absoluta, permitindo assim o regresso ao poder dos responsáveis pela crise desencadeada em 2008 e originada na liberalização do sector financeiro que conduziu à ruína da banca e ao colapso da economia nacional.

Várias têm sido as explicações adiantadas para este resultado – desde o fracasso no cumprimento de expectativas à incapacidade de explicar os bons resultados na economia aos eleitores, sem esquecer quem defende que este foi uma penalização eleitoral por a senhora Johanna Sigurdardottir ter seguido demasiado a receita do FMI – sem que nenhuma pareça explicar cabalmente o que se assemelha a uma clara opção masoquista.


É que este resultado não devolveu apenas o poder aos responsáveis por um programa político-económico que se revelou claramente prejudicial ao comum dos cidadãos (a voz que é suposto o processo eleitoral representar), antes constituiu a confirmação popular da desresponsabilização de quem conduziu aquele país ao precipício, tanto mais que apesar do reconhecido repúdio popular pelos políticos a percentagem de votantes foi superior a 80%.

Diz-se que a memória dos eleitores é curta, frase que serve afinal para esconder uma realidade há muito instalada na esfera político-eleitoral: o papel dos “spin doctors” na manipulação da informação e na formação das vontades eleitorais.

É claro que desconheço em absoluto a realidade política e social islandesa, mas perante a frieza dos números tão grande reviravolta não deve ser explicada apenas pelos factores enunciados e outras “razões” existirão, nomeadamente a famigerada actuação dos “spin doctors” (numa das definições do Urban Dictionary, alguém que distorce os factos com objectivos políticos) que devem ser aprofundadas e conhecidas para contrariar a sua utilização noutras ocasiões e noutros locais, tanto mais que quem esquece as lições da História está condenado a repetir os mesmos erros.

Sem comentários: