A fragilidade
e a tibieza das elites dirigentes estão a converter-se numa realidade cada vez
mais evidente. Como se não bastasse o triste cenário nacional onde até a sempre
colaborante central sindical socialista (UGT) já comenta que o «Conselho
de Estado foi “mais uma desilusão”», uma rápida leitura sobre os últimos
dados económicos (o
relatório de 15 de Maio pode ser lido aqui) publicados pelo EUROSTAT
desfaz qualquer dúvida sobre a notícia de que o «Eurostat
oficializa mais longa recessão de sempre no euro».
Quando se avizinham
eleições na Alemanha e se confirma um cenário com a «França em recessão, Alemanha cresce 0,1%»,
deixa de se estranhar que de Berlim cheguem ecos de que a «Alemanha junta-se ao coro de críticas contra a
austeridade das troikas» ou, pior ainda, de ler que até a
chanceler «Merkel
acusa Barroso e troika de serem os culpados da austeridade»
e bem se pode dizer que tudo será expectável nos meses mais próximos quando a
dimensão do distanciamento dos políticos face às medidas que louvaram e
impuseram será tanto maior quanto se anteciparem resultados eleitorais
desfavoráveis.
É que, como a
prática o tem confirmado, balelas do tipo “que se lixem as eleições” só são
proferidas à distância e nunca profundamente interiorizadas (veja-se o alívio
financeiro já previsto para o ano eleitoral de 2015 no DEO apresentado por
Vítor Gaspar, o tal ministro que nem sequer é político) por aqueles a quem,
para desdita nossa, confiámos funções de governo e que não passam de péssimos
aprendizes de manipuladores laboratoriais.
O
permanente ziguezaguear ao sabor das circunstâncias e uma quase completa
ausência de convicções (que não as dos interesses que os fizeram eleger) têm
pautado não só a orientação nacional como a comunitária, enquanto se multiplicam
os sinais de desagregação, sejam eles originados nas movimentações populares
que aos «Milhares
protestam contra políticas de austeridade», nas declarações do presidente
do Bundesbank quando assegura que «Medidas do
BCE contra a crise são erróneas», nas proclamações pífias do presidente da
Comissão Europeia repetindo que é «Urgente
acelerar coordenação na UE contra fraude e evasão fiscal», tudo isto
perante o avolumar das dúvidas em torno da permanência britânica, apesar da
recente notícia que «Empresários britânicos saem em
defesa da União Europeia».
Não será pois de estranhar o número crescente de especialistas que vêm
a público criticar o modelo adoptado pelos responsáveis da UE para combater uma
crise que não pára de alastrar – desde os consagrados Paul Krugman e Joseph
Stiglitz (dois laureados com o Prémio Nobel que de modo algum podem ser
classificados sob o rótulo de extremistas) até ao mais recente trabalho do “think tank” Bruegel ou a um artigo de Paul De Grauwe
defendendo que «Sem
mutualização de dívida, Zona Euro caminha para o colapso», todos apontam para a desadequação do
fundamentalismo neoliberal que além de já ter mergulhado as economias
periféricas da Zona Euro (Grécia, Irlanda, Portugal, Chipre e Malta) num
acentuado processo de recessão económica e de crise social e política, de em
nada ter contribuído para ultrapassar a situação em Espanha e na Itália antes
sim para o já detectado afundamento das economias holandesa, francesa e alemã –
enquanto tardam em ser ouvidos os que persistentemente têm pugnado pela
necessidade duma completa inversão da estratégia e defendendo a aplicação de
políticas orientadas preferentemente para o crescimento e a criação de emprego,
a par com uma profunda alteração no modelo do financiamento público que, no
seio dum sistema monetário partilhado, não pode continuar exclusivamente
dependente dum sistema financeiro especulativo e descapitalizado.
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