terça-feira, 28 de maio de 2013

ARMAS PARA A SÍRIA

São incontáveis as vezes que tenho referido a mais elementar falta de competência dos líderes europeus no processo de tomada de decisão. Actualmente e a pretexto da tantas vezes louvada estratégia dos “pequenos passos”, as lideranças europeias optam invariavelmente por adiar todas as medidas de fundo para a cimeira seguinte, talvez na expectativa que o tempo resolva o problema que eles se recusam a enfrentar.

A cimeira europeia da passada semana foi disso prova evidente quando novamente adiou as decisões sobre um proposta de combate à fraude e evasão fiscal e esta semana voltámos a ter novo exemplo a propósito da questão do levantamento do embargo da venda de armas à oposição Síria. Divididos entre a posição franco-britânica que há muito pretende ver abolido o embargo (opção para a qual pesará seguramente o interesse do sector produtor de armamento), a representada pelo duo Holanda e Áustria que receiam o agravamento do conflito e os que hesitam entre as duas, a UE voltou a revelar o pior de si própria quando através duma demissionária ausência de decisão deixou expirar o prazo do actual embargo.


Entre as razões para a divisão europeia conta-se além dos interesses dos sectores nacionais de fabricação de armamento o receio de que o armamento possa vir a ser utilizado por grupos muçulmanos fundamentalistas, à imagem e semelhança do ocorrido na Líbia, que mais tarde venham a colocar em risco interesses ocidentais na região.


Receios que não obstaram à decisão, amenizada talvez com o mero fito de conter as reacções dos tradicionais apoiantes do presidente Bashar Al-Assad – exemplificada na notícia de que a «Rússia condena decisão da UE de levantar embargo de armas aos rebeldes sírios» – e a pretexto de não prejudicar a Conferência Internacional sobre a Síria prometida por Ban Ki-moon, os responsáveis pela diplomacia da UE decidiram, numa clara reafirmação da sua própria fraqueza, manter as sanções de natureza financeira em vigor e adiar para Agosto o efectivo abandono do embargo à venda de armamento, que levou o representante português, Paulo Portas, a dizer que a «Decisão “politicamente desajeitada” prova que a UE “desiste de uma posição” sobre a Síria» e a própria oposição síria comenta dizendo que «Fim do embargo da UE sobre armas é insuficiente».

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