Ao longo dos tempos sempre ouve quem mantivesse viva a chama de valores e ideais que por desagradáveis aos poderes estabelecidos iam sendo alvo de velados ostracismos ou até de declaradas perseguições.
Foi assim com Galileu Galilei, físico, matemático, astrónomo e filósofo italiano que teve um papel preponderante na chamada revolução científica, é hoje é considerado como o "pai da ciência moderna" mas que na sua época se viu forçado a negar as suas próprias descobertas para escapar à perseguição da Inquisição, com Mahatma Gandhi, o maior defensor do princípio da não-violência enquanto forma de protesto, até como meio revolucionário, e que assim conseguiu a libertação da Índia da colonização britânica, com Martin Luther King Jr, pastor protestante, activista político norte-americano, líder do movimento dos direitos civis dos negros nos Estados Unidos, apologista da não-violência que foi assassinado pelas suas ideias, com Nelson Mandela, o líder histórico da oposição negra sul-africana ao regime do “apartheid” que mau grado a condenação a uma pena de prisão perpétua viria a ser o primeiro presidente negro da África do Sul, na sequência dum longo processo de desobediência civil levado a cabo por uma população negra privada de quase todos os direitos e com tantos outros, em maior ou menor escala.
Por todos eles, a celebração de um dia consagrado aos trabalhadores, aos seus direitos e às suas conquistas é algo que importa preservar e engrandecer; mas porque outros melhores que eu descreveram a importância de Maio e a urgência da luta aqui relembro a lírica com que Zeca Afonso cantou revoluções colectivas e pessoais:
Maio maduro Maio, quem te pintou?
Quem te quebrou o encanto, nunca te amou.
Raiava o sol já no Sul.
E uma falua vinha lá de Istambul.
Sempre depois da sesta chamando as flores.
Era o dia da festa Maio de amores.
Era o dia de cantar.
E uma falua andava ao longe a varar.
Maio com meu amigo quem dera já.
Sempre no mês do trigo se cantará.
Qu’importa a fúria do mar.
Que a voz não te esmoreça vamos lutar.
Numa rua comprida El-rei pastor.
Vende o soro da vida que mata a dor.
Anda ver, Maio nasceu.
Que a voz não te esmoreça a turba rompeu.
Zeca Afonso
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