Precisamente
agora que os Portugueses vivem um dos períodos mais negros da sua História
recente (quando, miséria das misérias, a selecção nacional de futebol se
encontra à beira da eliminação no campeonato mundial da especialidade), chegou
às notícias que um «Artista
vai a tribunal por ultraje a símbolos nacionais».
Os mais
incautos (ou mais empenhados nos rosários futebolísticos) poderiam pensar de
imediato que algum entusiasta mais exaltado tivesse rasgado a camisola dalgum
craque, mas afinal tudo aconteceu há já algum tempo e resultou dum trabalho
realizado no âmbito do curso de Artes Visuais da Universidade do Algarve,
quando um dos finalistas, Élsio Menau,
apresentou uma instalação que consistia duma bandeira nacional pendurada numa
forca, a que deu o sugestivo título de “Portugal Enforcado”. A instalação
valeu-lhe na altura uma boa nota (17 valores, segundo o I), uma queixa dum
cidadão e agora a presença em tribunal.
O Tribunal, que já ouviu as partes e
inclusive que o «Ministério
Público pediu absolvição de jovem acusado de "ultrajar" bandeira
nacional», promete pronunciar-se daqui a uns dias sobre um evento da maior
gravidade para o País: o ultraje a um símbolo nacional.
Por explicar
ficam alguns detalhes que gostava de ver esclarecidos. Primeiro, como é que
este “crime” chega a julgamento quando em época igualmente próxima o episódio,
protagonizado pelo Presidente da República, do hastear ao contrário da
mesmíssima bandeira foi apreciado e mandado arquivar pelo Ministério Público?
Segundo, como é que o caso chega a julgamento se o Ministério Público vem agora
pedir a absolvição?
Da rocambolesca
e bacoca pretensão de querer ver punido o acto descrito, como se de um ultraje
se tratasse, quando assistimos quase diariamente, da parte dos maiores
responsáveis políticos nacionais, ao que ultrapassa aquela classificação para
configurar um verdadeiro crime de traição, nem me pronuncio, mas sempre gostava
de ver divulgados os custos de tão sui generis iniciativa.
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