Enquanto na opinião da imprensa nacional as questões
fundamentais são as quezílias internas do PS, a troca de “galhardetes” entre o
Governo e o Tribunal Constitucional, ou a entronização dum novo monarca na
vizinha Espanha, cresce na Europa e no Mundo uma luta mais ou menos surda pela
definição dos futuros parâmetros da geopolítica mundial.
Após
quase seis anos de bloqueio da previsível evolução do sistema unipolar, sustentado
num enxurrada de dólares que levou a uma renovação artificial da dependência
global face ao dólar dos EUA, a história segue o seu curso e se nada parece ter
mudado o facto é que os EUA não conseguiram reanimar a sua economia (ver
nesta notícia do The Wall Street Journal, que confirma um crescimento
negativo de 1% para o PIB) e a situação real para os americanos tem piorado,
com a dívida privada a crescer 2% (ver
notícia da CNBC), o sistema de pensões a ameaçar o colapso (como
referido aqui) e, a
fazer fé nesta notícia da REUTERS, o agravamento das dificuldades
financeiras dos municípios.
É
que se durante estes seis anos pouco ou nada aconteceu, a crise ucraniana e
agressão contra os interesses específicos da Rússia, um dos principais intervenientes
do mundo multipolar emergente, e a tentativa de captura económica da Europa
pelos Estados Unidos, via TTIP (questão abordada no “post” «O
PROBLEMA EUROPEU»), pode assinalar o final daquela estratégia. O mundo estará
a dar-se conta que uns Estados Unidos esgotados se estão a converter num perigo,
tornando urgente outra solução, que não as que têm sido ensaiadas no interior
do G7.
De
facto, alguns não têm outra escolha, começando pelos russos que terão sido
forçados a lançar as bases duma grande reconfiguração geopolítica mundial ao
assinar o acordo de gás com a China (ver
esta notícia do New York Times), e abriram um novo canal de distribuição de
energia que pode mudar radicalmente um continente até agora dependente do
abastecimento de gás líquido por via marítima o que revela as razões da pressão
norte-americana para um rápido entendimento com a UE sobre o TTIP e aumenta as
reservas com que este deve ser encarado.
E
assim, paralelamente à aproximação entre Moscovo e Pequim (que representa a
abertura duma oportunidade para os importadores asiáticos renegociarem os
preços dos combustíveis), os EUA procuram estender o conteúdo e os efeitos do
TTIP que pretendem que os europeus subscrevam a parceiros tradicionais na Ásia,
como o Japão e as Filipinas, enquanto a reacesa questão iraquiana lhe poderá
fornecer a desculpa necessária à prorrogação do estacionamento de tropas numa
região tão importante em termos energéticos como o Médio Oriente.
O
problema é que tudo isto exige um esforço financeiro acrescido e essa é
precisamente a maior fragilidade da economia norte-americana; mas a limitação
dos EUA pode criar a oportunidade para quem assuma que uma solução passa pelo
abandono da actual linha de pensamento único, quem sabe recuperando a ideia de “ousar
lutar, ousar vencer”!
Sem comentários:
Enviar um comentário