sábado, 21 de junho de 2014

RECONFIGURAÇÃO GEOPOLÍTICA MUNDIAL

Enquanto na opinião da imprensa nacional as questões fundamentais são as quezílias internas do PS, a troca de “galhardetes” entre o Governo e o Tribunal Constitucional, ou a entronização dum novo monarca na vizinha Espanha, cresce na Europa e no Mundo uma luta mais ou menos surda pela definição dos futuros parâmetros da geopolítica mundial.

Após quase seis anos de bloqueio da previsível evolução do sistema unipolar, sustentado num enxurrada de dólares que levou a uma renovação artificial da dependência global face ao dólar dos EUA, a história segue o seu curso e se nada parece ter mudado o facto é que os EUA não conseguiram reanimar a sua economia (ver nesta notícia do The Wall Street Journal, que confirma um crescimento negativo de 1% para o PIB) e a situação real para os americanos tem piorado, com a dívida privada a crescer 2% (ver notícia da CNBC), o sistema de pensões a ameaçar o colapso (como referido aqui) e, a fazer fé nesta notícia da REUTERS, o agravamento das dificuldades financeiras dos municípios.

É que se durante estes seis anos pouco ou nada aconteceu, a crise ucraniana e agressão contra os interesses específicos da Rússia, um dos principais intervenientes do mundo multipolar emergente, e a tentativa de captura económica da Europa pelos Estados Unidos, via TTIP (questão abordada no “post” «O PROBLEMA EUROPEU»), pode assinalar o final daquela estratégia. O mundo estará a dar-se conta que uns Estados Unidos esgotados se estão a converter num perigo, tornando urgente outra solução, que não as que têm sido ensaiadas no interior do G7.


De facto, alguns não têm outra escolha, começando pelos russos que terão sido forçados a lançar as bases duma grande reconfiguração geopolítica mundial ao assinar o acordo de gás com a China (ver esta notícia do New York Times), e abriram um novo canal de distribuição de energia que pode mudar radicalmente um continente até agora dependente do abastecimento de gás líquido por via marítima o que revela as razões da pressão norte-americana para um rápido entendimento com a UE sobre o TTIP e aumenta as reservas com que este deve ser encarado.

E assim, paralelamente à aproximação entre Moscovo e Pequim (que representa a abertura duma oportunidade para os importadores asiáticos renegociarem os preços dos combustíveis), os EUA procuram estender o conteúdo e os efeitos do TTIP que pretendem que os europeus subscrevam a parceiros tradicionais na Ásia, como o Japão e as Filipinas, enquanto a reacesa questão iraquiana lhe poderá fornecer a desculpa necessária à prorrogação do estacionamento de tropas numa região tão importante em termos energéticos como o Médio Oriente.

O problema é que tudo isto exige um esforço financeiro acrescido e essa é precisamente a maior fragilidade da economia norte-americana; mas a limitação dos EUA pode criar a oportunidade para quem assuma que uma solução passa pelo abandono da actual linha de pensamento único, quem sabe recuperando a ideia de “ousar lutar, ousar vencer”!

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