Os últimos
dias têm sido férteis em afirmações tonitruantes e manipuladoras.
Desde que o
Tribunal Constitucional anunciou o seu veredicto sobre algumas das medidas mais
polémicas do OGE que não tem passado um dia sem que alguém do Governo ou dos
partidos que o apoiam, saia a terreiro criticando aquela decisão, num crescendo
que culminou com declarações da vice-presidente
do PSD, onde «Teresa
Leal Coelho defende que detentores de cargos públicos devem ser “observados”»
ou que «Juízes
do TC devem ser alvo de «sanções jurídicas».
Quando um
dirigente do principal partido da coligação governativa, jurista de formação,
produz afirmações deste jaez (numa entrevista que o PUBLICO resumiu sob o título: «“Se os juízes do TC não aceitam a crítica, não têm
condições para exercer o cargo”») poucas dúvidas podem restar sobre os
conceitos e as ideias que medram nos corredores do PSD, aliás perfeitamente
corroborados pela mesma personagem quando afirma que o «PSD foi iludido pelos juízes que indicou para o Tribunal Constitucional», duplamente grave por confirmar a suspeita que as
nomeações resultam de meros interesses partidários e a “candura” dos políticos
agora “enganados” que julgaram assim ultrapassar o princípio da separação de
poderes.
Quando tal é publicado e a
ministra da Justiça (militante do mesmo PSD) não sente a necessidade de vir a
público defender a magistratura que é suposto tutelar, fica ainda mais claro o
crescente divórcio entre governantes e governados, sentimento que aliás é
patentemente extensível a outras áreas da governação, como a saúde, a defesa e
a administração interna, pastas onde são notórias as críticas à governação a
tal ponto que o que o DN destacou do discurso
presidencial do 10 de Junho foi que «Cavaco insta
Governo a evitar degradação das FA».
Este é o estado de despudor e de
vilania a que um bando de “iluminados” continua a conduzir o país com o
beneplácito dum “reformado nacional” que, perante a degradação da sociedade e a
apatia do país a que diz presidir, insiste numa desgastada e improvável ideia e
nas celebrações oficias do 10 de Junho voltamos a ouvir que «Cavaco pede
diálogo e acordo partidário até Dezembro», como se bastasse um entendimento
entre PSD e PS para erradicar a cultura de mediocridade e nepotismo que nos
levaram onde nos encontramos.
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