A triste
realidade nacional (e europeia) há muito nos habitou a uma clara degradação na
qualidade daqueles que vão sendo chamados a funções de governo; primeiro
começou por ser notória a falta de preparação técnica, seguiu-se-lhe a política,
resultando num crescente populismo de pacotilha.
Nos tempos em
que Santana Lopes foi cooptado para substituir o fugitivo Durão Barroso (já
então com o beneplácito interesseiro de Paulo Portas) pensou-se ter atingido o
grau mais baixo na escala, mas como bem lembra o ditado popular «atrás de mim
virá que de mim bom fará», a desgraça estava para continuar. Se Sócrates acabou
o seu mandato num estado de desnorte e quase delírio, vemos agora que Passos
Coelho além de impreparado se vem revelando um mentiroso de mão cheia, capaz de
suplantar o que de pior teve o seu antecessor, ameaçando transformar-se
rapidamente numa espécie de mentiroso compulsivo e o pior chefe de governo da
III República.
Apodar assim o
primeiro–ministro em exercício é o mínimo que se pode fazer ao ler no PUBLICO que este afirmou em Paris que «Ninguém
aconselhou os portugueses a emigrarem» e, para que o despautério não possa
ser relegado para o campo dos lapsos de linguagem, continuou assegurando que «…está
a trabalhar “intensamente” para criar oportunidades em Portugal», realidade
que, na forma distorcida como ve a realidade, só o mais vil e empedernido dos
opositores se atreverá a contestar, tantas e tão variadas são as iniciativas e
os investimentos para assegurarem a redução duma taxa de desemprego que entre
os mais jovens ultrapassa os 38% (cf.
notícia da RTP), mas que contra tais esforços persiste em manter-se.
Tantas têm
sido as descaradas mentiras que até o sempre moderado DN acompanhou aquela notícia duma outra mostrando «Como
Passos e outros governantes apelaram à emigração», tudo isto no mesmo dia em que escrevia que a «Emigração
cresceu 85% entre 2010 e 2011» e especialmente na faixa etária entre os 25
e os 29 anos.
O desânimo
instala-se no país, os mais novos emigram e o Governo assobia para o lado
quando não tenta desviar as atenções com o espantalho duma crise política (pelo
menos é o que sugere a notícia sobre o debate quinzenal no Parlamento onde «Passos
avisa CDS e Cavaco sobre instabilidade política»), como se a prática
política do seu governo constituísse um modelo de estabilidade social e uma
plataforma para o desenvolvimento económico do país.
Refira-se que
mesmo em terras estrangeiras Passos Coelho e os membros do seu governo
conseguem alcançar o mesmo tipo de recepção e, depois da celebrizada campanha
em torno do “slogan” «Vai estudar,
Relvas!», começa a tornar-se norma serem recebidos com apupos e manifestações
de contestação, que neste caso ficou marcado por um incidente quando «Dois
emigrantes insultam e perseguem Passos Coelho».
Que a
realidade nacional é bem diversa da difundida nos delírios governativos não
deverá suscitar grande dúvida, não só por constituir matéria para chiste de
caricaturistas...
...como por, no
próprio local, ter merecido réplica do presidente francês que, embora
especificando o contexto, não se coibiu de dizer «…que
Portugal não é exemplo a seguir».
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