sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

O QUE É QUE ELE DISSE?


A triste realidade nacional (e europeia) há muito nos habitou a uma clara degradação na qualidade daqueles que vão sendo chamados a funções de governo; primeiro começou por ser notória a falta de preparação técnica, seguiu-se-lhe a política, resultando num crescente populismo de pacotilha.

Nos tempos em que Santana Lopes foi cooptado para substituir o fugitivo Durão Barroso (já então com o beneplácito interesseiro de Paulo Portas) pensou-se ter atingido o grau mais baixo na escala, mas como bem lembra o ditado popular «atrás de mim virá que de mim bom fará», a desgraça estava para continuar. Se Sócrates acabou o seu mandato num estado de desnorte e quase delírio, vemos agora que Passos Coelho além de impreparado se vem revelando um mentiroso de mão cheia, capaz de suplantar o que de pior teve o seu antecessor, ameaçando transformar-se rapidamente numa espécie de mentiroso compulsivo e o pior chefe de governo da III República.

Apodar assim o primeiro–ministro em exercício é o mínimo que se pode fazer ao ler no PUBLICO que este afirmou em Paris que «Ninguém aconselhou os portugueses a emigrarem» e, para que o despautério não possa ser relegado para o campo dos lapsos de linguagem, continuou assegurando que «…está a trabalhar “intensamente” para criar oportunidades em Portugal», realidade que, na forma distorcida como ve a realidade, só o mais vil e empedernido dos opositores se atreverá a contestar, tantas e tão variadas são as iniciativas e os investimentos para assegurarem a redução duma taxa de desemprego que entre os mais jovens ultrapassa os 38% (cf. notícia da RTP), mas que contra tais esforços persiste em manter-se.

Tantas têm sido as descaradas mentiras que até o sempre moderado DN acompanhou aquela notícia duma outra mostrando «Como Passos e outros governantes apelaram à emigração», tudo isto no mesmo dia em que escrevia que a «Emigração cresceu 85% entre 2010 e 2011» e especialmente na faixa etária entre os 25 e os 29 anos.

O desânimo instala-se no país, os mais novos emigram e o Governo assobia para o lado quando não tenta desviar as atenções com o espantalho duma crise política (pelo menos é o que sugere a notícia sobre o debate quinzenal no Parlamento onde «Passos avisa CDS e Cavaco sobre instabilidade política»), como se a prática política do seu governo constituísse um modelo de estabilidade social e uma plataforma para o desenvolvimento económico do país.

Refira-se que mesmo em terras estrangeiras Passos Coelho e os membros do seu governo conseguem alcançar o mesmo tipo de recepção e, depois da celebrizada campanha em torno do “slogan” «Vai estudar, Relvas!», começa a tornar-se norma serem recebidos com apupos e manifestações de contestação, que neste caso ficou marcado por um incidente quando «Dois emigrantes insultam e perseguem Passos Coelho».

Que a realidade nacional é bem diversa da difundida nos delírios governativos não deverá suscitar grande dúvida, não só por constituir matéria para chiste de caricaturistas...


...como por, no próprio local, ter merecido réplica do presidente francês que, embora especificando o contexto, não se coibiu de dizer «…que Portugal não é exemplo a seguir».

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