Cumpridas as
formalidades festivas próprias de cada fim-de-ano, rapidamente se lhe segue no
calendário da liturgia informativa a reunião anual do Fórum Económico Mundial,
popularmente conhecido como o Fórum de Davos (nome da localidade suíça onde
anualmente se reúne a elite económica mundial), que depois de nos anos
anteriores ter tido as suas reuniões marcadas, segundo a BBC, pela incerteza
económica, pelas críticas ao sistema financeiro mundial e pela crise global
(que os participantes nunca reconheceram formalmente), eis que este ano a nota
dominante parece ser, segundo o NEGÓCIOS,
a imagem de que «Davos
já não é o que era, mas nunca recebeu tantos chefes de Estado». A evidente
politização da iniciativa está bem traduzida nas conclusões que vão chegando ao
grande público, onde abundam as divergências de opiniões que de salutares
rapidamente evoluem para um diálogo de surdos face à notória incapacidade dos
políticos para qualquer iniciativa que possa beliscar o seu futuro eleitoral.
Com as atenções monopolizadas por políticos (pelo
menos é o que transparece de notícias como: «Merkel
"amacia" austeridade em Davos ou «Cameron
diz que empresas devem pagar a quota-parte de impostos») manietados pelas suas limitações – que vão desde o
terror atávico ao desapossamento do poder até à notória incompetência –, já nem
se estranha quando o «Relatório do Fórum Económico
Mundial aponta para défice de competitividade da Europa»,
como se a sua simples recuperação – para mais nos termos propostos pelos
participantes que repetem a aposta na inovação
e empreendedorismo, na mobilização de talentos e na melhoria da eficiência dos
mercados –, fosse solução
milagrosa, tanto mais improvável quanto a ideia da eficiência através da liberalização
dos mercados foi a grande responsável pela deslocalização industrial e pela
destruição em massa de postos de trabalho, que hoje condicionam o crescimento do
mercado interno europeu e a própria sobrevivência de assalariados e pequenos
patrões.
É claro que
para os governantes e para os grandes patrões o problema não é tanto como irão
as populações sobreviver nesta nova realidade, mas principalmente como irão
agir por forma a parecer que estão mesmo a fazer algo para mudar uma situação
da qual são principais responsáveis e continuam a ser os grandes beneficiados.
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