A sucessão de
acontecimentos no sector financeiro nacional, onde os mais recentes e visíveis
foram o “desaparecimento” do BES e do BANIF, constituem mais um claro sinal do
fracasso da solução europeia gizada para combater a denominada crise das
dívidas soberanas.
Lembremos que
parte da estratégia passava pela recapitalização do sector financeiro e que
encerrado o “programa de auxílio” a banca portuguesa ficou longe duma situação
melhor que a que vivia nas vésperas do pedido de resgate e em processo de clara
concentração, a ponto do ex-presidente do Conselho Económico e Social e actual
assessor do presidente da Comissão Europeia, Silva Peneda, ter afirmado que «“Choca-me
ter um país estrangeiro a comandar toda a banca portuguesa”».
Muita coisa
continua por fazer num sector importante para a actividade económica mas que de
modo algum pode ser entendido como o seu factor chave. Claro que muito do
crescimento económico que se deseja passa por necessidades de financiamento,
mas infelizmente uma banca espartilhada pela falta de capitais próprios e
orientada para o lucro imediato está nos antípodas daquela necessidade.
Na época em
que tivemos um sector financeiro nacionalizado perdeu-se a oportunidade de o
organizar segundo outra lógica que não a do lucro a qualquer preço – extinguiu-se
uma instituição de crédito que privilegiava o financiamento a médio e longo
prazo (o Banco de Fomento), pactuando-se com o princípio da banca universal e
da “livre concorrência” e agora debatemo-nos com a dupla dificuldade duma
economia sobre-endividada e estagnada e dum sector financeiro descapitalizado,
agravada por integrarmos uma união monetária desprovida de supervisão bancária
eficiente, já para não falar duma não menos necessária estratégia conjunta ao
nível político e militar – seguindo-se-lhe um processo de privatizações que
nunca acautelou outro objectivo que o de ocultar o acumular de défices. Pelo
meio assistimos a um ou outro “manifesto público pela defesa do interesse
nacional”, invariavelmente esquecido logo que surgia a primeira oportunidade de
lucro fácil, agora parcialmente recuperado por quem tendo tipo um papel activo
na gestão bancária, como Nogueira Leite, defende agora, num
artigo esta semana publicado no DN, que os «...os empresários portugueses
deveriam ou avançar com o seu próprio capital ou ajudar a encontrar fontes
credíveis de capitalização dos bancos portugueses...», como se esse leque de empresários não estivesse
reduzido a um dois dos “super ricos” gerados pelo sistema que nos conduziu à
crise que atravessamos.
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