O dia de hoje,
apesar da tonitruante declaração de Barack Obama em Havana dizendo que «"Vim
aqui para enterrar o último resquício da Guerra Fria"», tinha quase
tudo para não passar de um dia normal não fosse o facto de termos ficado a
saber que o «Terrorismo
volta a abalar a Europa, 34 mortos em Bruxelas», num duplo atentado no
aeroporto e numa estação de metro, daquela que é a capital política da UE.
Represália, ou
não, pela recente detenção do alegado organizador dos atentados de 13 de
Novembro em Paris, algumas horas depois o «Daesh
assume a autoria dos atentados em Bruxelas», facto que em nada muda as respectivas
consequências, nem o habitual cortejo de lamentações oficiais ou o aumento do
xenofobismo.
Os líderes
políticos voltam a falar na necessidade da maior solidariedade, esquecendo quão
rebaixaram esses padrões no caso das economias do sul da Europa e na aplicação
de políticas punitivas de gregos, portugueses e espanhóis, não sendo pois de estranhar
que voltemos a ouvir a mesma ladainha contra os muçulmanos e os imigrantes, que
subam de tom os apelos ao fim da livre circulação de pessoas no espaço europeu
(que não dos sacrossantos “capitais”, pois esses não põem bombas nem crescerão
sem as manigâncias fiscais que essa mesma liberdade lhes confere) mas o que
raramente se diz é que os perpetradores dos atentados são cidadãos europeus,
que a Europa falhou na sua política de integração, e que Bruxelas é há muito
tempo conhecida como a placa giratória do contrabando de armamento originário
dos Balcãs ou que as polícias europeias continuam a revelar-se incapazes de
partilhar informação.
Iremos
assistir à proliferação dos mecanismos de controlo dos cidadãos (sempre em nome
duma segurança inalcançável) e à redução das suas liberdades e garantias, mas
nunca à elaboração duma verdadeira política de segurança europeia e, cereja no
topo do bolo, ainda ouvimos dos russos que o atentado
em Bruxelas é culpa da política errada do combate ao terrorismo.
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