sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

2016 – O ANO DE TODOS OS PERIGOS?

O rol de notícias destes primeiros dias do novo ano parece confirmar a ideia que 2016 será um ano particularmente complicado. Não bastando a violência mais ou menos relacionada com o fenómeno do islamismo, como a que hoje provocou «Dezenas de mortos em atentado no Oeste da Líbia» e que continua a ocorrer um pouco por todo o lado, assistimos já ao recrudescimento da tensão entre o Irão e a Arábia Saudita na sequência da execução pelos sauditas do clérigo xiita Nimr Baqir al-Nimr.


Por detrás da notícia de que a «Arábia Saudita executou 47 pessoas condenadas por terrorismo», desenrola-se mais um episódio duma disputa entre sauditas e iranianos que vai muito além do cisma religioso (a Arábia Saudita é maioritariamente sunita e o Irão maioritariamente xiita), pois envolve considerandos sobre o domínio regional.

O Irão reagiu à morte dum clérigo xiita (que até era considerado como um moderado, avaliação que aumenta ainda mais as suspeitas que a condenação e a execução foram determinadas por razões de política interna e que o visado seria mais um preso político que um terrorista) e com declarações ao estilo oriental ficou a saber-se que «Teerão diz que Arábia Saudita vai pagar "preço elevado" por execução de líder xiita»; em resposta «Arábia Saudita corta relações diplomáticas com Irão», no que foi secundada por estados árabes vizinhos, como o Koweit, o Bahrein e o Sudão.

No Ocidente as reacções variam entre Londres, onde o «Primeiro-ministro britânico critica execuções na Arábia Saudita», e «Bruxelas quer que Arábia Saudita e Irão "evitem escalada de tensão"», enquanto nos EUA se referem dificuldades de posicionamento no Médio Oriente pela aproximação ao Irão, havendo até quem defenda no THE NEW YORK TIMES que a Arábia Saudita deixou de ser um aliado seguro para os EUA. Já Moscovo, envolvido que está na questão síria, faz saber que estará a «Rússia disposta a mediar crise entre a Arábia Saudita e o Irão», enquanto a Turquia, outro dos concorrentes ao papel de potência regional, pede ao Irão e à Arábia Saudita para acalmarem as tensões.

Como se não bastasse este cenário, eis que até a «Coreia do Norte anuncia ter detonado a sua primeira bomba de hidrogénio», despoletando críticas generalizadas da comunidade internacional; embora se diga que «Especialistas duvidam que Coreia do Norte tenha mesmo testado a bomba H» e há muito seja conhecida a forma de “negociar” dos norte-coreanos com essa mesma comunidade internacional, esta já reagiu dizendo que a «Coreia do Norte arrisca "resposta robusta" após ensaio de bomba H» e até Pequim, seu tradicional apoiante, fez saber que a «China "opõe-se" ao teste nuclear da Coreia do Norte».

A mesma China que, apesar de principal candidata a substituir os EUA na liderança mundial, continua a revelar sinais de instabilidade, a ponto de «Novo 'crash' na China atira Europa para o vermelho» e de estar a pressionar em baixa o preço do petróleo.

Mesmo admitindo que a queda na Bolsa e no PIB chinês possam constituir sinais duma estratégia económica reorientada para o crescimento do consumo interno (e uma resposta à quebra do consumo norte-americano), não parece abusivo concluir que são realmente múltiplos os sinais de preocupação na abertura deste ano, pois o abrandamento da sua economia não poderá deixar de trazer consequências ao desempenho das economias dos países emergentes.

Sem comentários: