O rol
de notícias destes primeiros dias do novo ano parece confirmar a ideia que 2016
será um ano particularmente complicado. Não bastando a violência mais ou menos
relacionada com o fenómeno do islamismo, como a que hoje provocou «Dezenas
de mortos em atentado no Oeste da Líbia» e que
continua a ocorrer um pouco por todo o lado, assistimos já ao recrudescimento
da tensão entre o Irão e a Arábia Saudita na sequência da execução pelos
sauditas do clérigo xiita Nimr Baqir al-Nimr.
Por detrás da notícia de que a «Arábia Saudita executou 47 pessoas condenadas por
terrorismo», desenrola-se mais um episódio duma disputa entre
sauditas e iranianos que vai muito além do cisma religioso (a Arábia Saudita é
maioritariamente sunita e o Irão maioritariamente xiita), pois envolve
considerandos sobre o domínio regional.
O Irão reagiu à morte dum clérigo
xiita (que até era considerado como um moderado, avaliação que aumenta ainda
mais as suspeitas que a condenação e a execução foram determinadas por razões
de política interna e que o visado seria mais um preso político que um
terrorista) e com declarações ao estilo oriental ficou a saber-se que «Teerão
diz que Arábia Saudita vai pagar "preço elevado" por execução de
líder xiita»; em resposta «Arábia
Saudita corta relações diplomáticas com Irão», no que foi secundada por estados
árabes vizinhos, como o Koweit, o Bahrein e o Sudão.
No
Ocidente as reacções variam entre Londres, onde o «Primeiro-ministro
britânico critica execuções na Arábia Saudita», e «Bruxelas
quer que Arábia Saudita e Irão "evitem escalada de tensão"», enquanto
nos EUA se referem dificuldades de
posicionamento no Médio Oriente pela aproximação ao Irão, havendo até quem
defenda no THE NEW YORK TIMES que a Arábia
Saudita deixou de ser um aliado seguro para os EUA. Já Moscovo, envolvido
que está na questão síria, faz saber que estará a «Rússia
disposta a mediar crise entre a Arábia Saudita e o Irão», enquanto a
Turquia, outro dos concorrentes ao papel de potência regional, pede ao Irão e à
Arábia Saudita para acalmarem as tensões.
Como se não bastasse este
cenário, eis que até a «Coreia
do Norte anuncia ter detonado a sua primeira bomba de hidrogénio»,
despoletando críticas generalizadas da comunidade internacional; embora se diga
que «Especialistas
duvidam que Coreia do Norte tenha mesmo testado a bomba H» e há muito seja
conhecida a forma de “negociar” dos norte-coreanos com essa mesma comunidade
internacional, esta já reagiu dizendo que a «Coreia
do Norte arrisca "resposta robusta" após ensaio de bomba H» e até
Pequim, seu tradicional apoiante, fez saber que a «China
"opõe-se" ao teste nuclear da Coreia do Norte».
A mesma China que, apesar de principal candidata a substituir
os EUA na liderança mundial, continua a revelar sinais de instabilidade, a ponto
de «Novo
'crash' na China atira Europa para o vermelho» e de estar a pressionar
em baixa o preço do petróleo.
Mesmo admitindo que a
queda na Bolsa e no PIB chinês possam constituir sinais duma estratégia
económica reorientada para o crescimento do consumo interno (e uma resposta à
quebra do consumo norte-americano), não parece abusivo concluir que são
realmente múltiplos os sinais de preocupação na abertura deste ano, pois o
abrandamento da sua economia não poderá deixar de trazer consequências ao
desempenho das economias dos países emergentes.
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