Inicia-se amanhã mais uma
cimeira, a 64ª, do Fórum Económico Mundial, que junta na selecta estância suíça
de Davos a nata do mundo empresarial e político (os artistas costumam ser
convidados só para as fotografias) para debater os assuntos da actualidade.
Ao
contrário das muito selectas e secretas reuniões do Clube Bilderberg, o Fórum
de Davos costuma anunciar previamente os participantes e os temas em debate,
pelo que já se sabe que este ano o grande foco será sobre a chamada Quarta
Revolução Industrial. A atestar por um relatório apresentado no início desta
semana (The
Future of Jobs - Employment, Skills and Workforce Strategy for the Fourth
Industrial Revolution) as perspectivas não serão as mais animadoras pois o
próprio admite que a «Inovação
tecnológica custará mais de 5 milhões de empregos às principais economias».
Este lamentável cenário é apresentado como se de uma
“revolução” se tratasse – uma que se segue à Revolução Industrial (ocorrida
entre a segunda metade do século XVIII e a primeira metade do século XIX e que
se traduziu na mecanização da produção), à Segunda Revolução Industrial
(período que medeia entre a segunda metade do século XIX e o final da II Guerra
Mundial e que se caracterizou pelos desenvolvimentos nas indústrias química, eléctrica, de
petróleo e do aço) e à Terceira Revolução Industrial (que teve início nos anos
60 do século passado e que mais apropriadamente deverá ser designada por
Revolução Digital, pois foi despoletada pela generalização da Internet, do uso
dos computadores e da difusão de informação que potenciou) – que marca o
aparecimento de novos sectores de actividade (inteligência artificial,
robótica, biotecnologia e genética) e de novos modelos de negócio e já lançou o
alerta que a «Quarta
revolução industrial levará à perda de cinco milhões de empregos em cinco anos»,
hipótese que deveria ser encarada com a maior seriedade e como aviso da maior
gravidade. Mas, em simultâneo com este anúncio, a OXFAM (ONG dedicada ao combate à pobreza
mundial) publicou as conclusões doutro trabalho denunciando o facto da «Riqueza de 1% da população superou a dos
restantes 99% em 2015», ou dito por outras palavras: «62
multimilionários já têm mais riqueza do que metade da população mundial».
Neste quadro, os poderes públicos
mundiais (e os ocidentais em especial) pouco ou nada têm feito salvo
declarações de intenções, como uma recente onde, qual reinvenção da roda, o
presidente francês François «Hollande anuncia
«plano de emergência» para reduzir desemprego».
As denúncias dos desequilíbrios e
a evidente degradação das perspectivas de trabalho (em especial para os mais
jovens) não são de agora; já em 2010 (no auge da crise sistémica que
atravessamos) escrevendo sobre o flagelo do desemprego lembrava que «OS
JOVENS NÃO SÃO “LEMMINGS”», ou seja produtos descartáveis ao sabor dos interesses das grandes empresas, para mais
recentemente, em 2014, abordar a necessidade de repensar o actual «PARADIGMA
DO EMPREGO» que ameaça a vida de toda a gente.
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