Contra as
ameaças e chantagens da UE e de países como a Alemanha, os herdeiros de
Péricles foram às urnas e votaram precisamente como os defensores do
ordoliberalismo não queriam.
No lugar do
medo colocaram o que entenderam ser o principal interesse nacional e votaram
por larga maioria no partido que há muito tempo defende a indispensabilidade da
renegociação da dívida pública.
Recusando a
submissão à ideia da ausência de alternativa, esmagados por um crise que além
dos empregos lhes está a negar a própria dignidade, ergueram-se e gritaram
BASTA!; trocaram um futuro de austeridade certa por um esperançoso, mesmo que
de desfecho incerto. Mal ou bem, foram eles a escolhê-lo e ninguém poderá negar
que claramente escolheram outra opção que não a ditada a partir de Bruxelas e
Berlim.
Se o SYRIZA (e
os parceiros de coligação dos Gregos Independentes) vão ou não conseguir
realizar os desejos da maioria da população grega é ainda uma incógnita; para
já conseguiram abalar o “status quo”
europeu e romper o discurso da inevitabilidade da política de “austeridade
expansionista”, deixando para a confirmação duma habilidade negocial a resposta
à dúvida expressa pelo FINANCIAL TIMES (Será
Tsipras um Lula ou um Chávez?).
Para já
retenha-se o significado do resultado do sufrágio grego no panorama europeu e
num ano em que serão vários os sufrágios por essa Europa fora (ver
o “post” «EURO-TENSÕES») e a evidência, ao contrário do
que se afirma na Europa, que a «Vitória
do Syriza tem consequências para a Europa» ao
apresentar como vencedor um programa construtivo e que pretende reforçar a
coesão europeia.
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