No dia em que
foi revelado que a «ONU
aceita pedido de adesão palestiniana ao Tribunal Penal Internacional»
e quando a comunidade internacional deveria estar
a assinalar este passo no sentido duma progressiva aproximação em pé de
igualdade entre israelitas e palestinianos, eis que a notícia do ataque à
redacção do CHARLIE HEBDO tudo
fez esquecer.
Demasiado
ocupadas com a profissionalíssima actuação dos irmãos Kouachi, as redacções
remeteram para o limbo da memória a já costumeira reacção de Tel-Aviv,
anunciando que «Israel
congela transferência de impostos para palestinianos por causa de pedido de
adesão ao TPI», e sem maiores comentários uma afirmação do ainda
primeiro-ministro Benjamin Netanyahu,
segundo a qual «Israel
não permitirá que os seus soldados sejam julgados no Tribunal Penal
Internacional».
Com todas as atenções centradas nas peripécias para a captura dos
foragidos, poucos considerandos ou nenhumas observações sobre contradições
grosseiras dos factos noticiados (o já referido profissionalismo na execução do
ataque e o óbvio amadorismo do esquecimento dum documento de identificação numa
das viaturas usadas numa fuga para o Norte e durante o cerco no regresso aos
arredores de Paris) foram sendo conhecidos pelo que não se estranhará que
também aquele gravíssimo desrespeito à comunidade internacional tenha passado
em claro.
Quando o tempo tem vindo a desmentir a viabilidade do modelo “dois
povos-dois estados” e quando surge uma ou outra iniciativa para o desbloqueio
do impasse, nomeadamente quando entre os dois povos até se debate a hipótese
antevendo que «Estado
único surge como solução ao conflito Palestina-Israel», seria expectável alguma
evolução na postura oficial de Israel. Não fossem os actores sempre os mesmos e
mínimas as diferenças entre conservadores e moderados e talvez às alterações no
poder em Tel-Aviv pudesse corresponder alguma evolução no rumo das negociações
israelo-palestinianas.
Ao invés parece que as principais forças políticas israelitas redobram
de esforços na radicalização das suas posições no que à questão palestiniana
respeita, arrastando no tempo, com o beneplácito de americanos e europeus, uma
solução de confronto que cada vez menos promete vir a ser justa e equitativa.
Sem comentários:
Enviar um comentário