A crer em
analistas e observadores bem mais abalizados que os políticos que nos têm
governado, 2015 pode bem vir a ser o ano de todos os perigos...
A crise
financeira despoletada em 2008 continua por resolver e o clima de aparente
normalidade esconde mal o vulcão que permanece activo e a acumular razões para
voltar a explodir. À sucessão de eventos recentes (como o reacender do conflito
no Médio Oriente ou a crise ucraniana e os seus reflexos sobre o preço do
petróleo), à insistência na conclusão/aprovação do TTIP (Transatlantic Trade
and Investmente Partnership), juntou-se no final do ano passado a aparente
novidade de ver, como disse o EXPRESSO, «O mesmo desejo de fim de ano: BCE e FMI querem mais
estímulos monetários em 2015».
Desiluda-se porém, quem queira ver nesta concordância qualquer sinal de
melhoria para a situação mundial. Tal como há umas semanas o Congresso
norte-americano voltou a defraudar as expectativas dos que desde 2008 se batem
pelo regresso a uma regulamentação mais restritiva sobre o sistema financeiro,
dando assim mais um “presente” a Wall Street...
... pois
bastará ler o artigo que a Directora-geral do FMI, Christine Lagarde, fez
publicar no jornal italiano IL SOLE 24
ORE para melhor entender a verdadeira finalidade dos estímulos monetários.
É
verdade que naquele
artigo a Srª Lagarde defende a necessidade de «...de melhores leis para as para-bancárias,
controle mais rígido do sistema bancário sombra e maior protecção e
transparência nos mercados de derivativos, é preciso um maior esforço para
resolver a falta de dados sobre o sector financeiro, de modo que os reguladores
possam avaliar adequadamente os riscos para a estabilidade financeira», mas de imediato abandona o que poderia ser interpretado
como uma posição de maior dureza para dizer que «...acima de tudo, deve haver uma alteração na cultura do sector
financeiro. A principal função da finança é oferecer serviços aos parceiros
económicos, o que é impossível se não houver confiança daqueles que dependem
desses serviços, ou de todos nós».
Em resumo,
apesar de iniciar a sua análise dizendo que actualmente os «...governos,
parlamentos e os bancos centrais enfrentam três opções: lutar para o
crescimento ou resignar-se à estagnação, melhorar a estabilidade ou o risco de
sucumbir à fragilidade, agindo em conjunto ou isoladamente», a Srª Lagarde afirma
mais adiante que «[p]ara dar um novo impulso, além de reformas estruturais, será preciso
recorrer a todas as alavancas possíveis para apoiar a procura global»; ora
como bem sabem os “banksters” de Wall
Street e do resto do Mundo, preconizar a alavancagem é assegurar a sua
continuidade e a das práticas que levaram a economia mundial à situação em que
se encontra.
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