Enquanto
internamente se vive o rescaldo das eleições primárias do PS, a novidade da
formação de novas forças políticas (Livre e PDR) e há quem continue
especialmente embrenhado na polémica passagem do primeiro-ministro Passos Coelho
por uma ONG
cujo dinheiro era todo gasto com pessoal, no plano europeu continuamos a
assistir ao triste espectáculo duma UE mergulhada na sua própria ineficácia,
tendo como pano de fundo uma situação em que uma «Guerra
esquerda-direita ameaça decapitar Comissão Juncker», quando se anuncia que
está a «Actividade
económica na zona euro em mínimos de um ano» e se diz que, na sequência da
reunião desta semana do BCE, o anunciado «Pacote
Draghi é insuficiente para reavivar economia do euro».
Mesmo para
quem não esperava nada de especial da próxima Comissão Europeia, a notícia de
que «Juncker
escolhe um braço-direito e quatro coordenadores», todos fortemente
enfeudados ao “status quo” (como
explicou esta semana a eurodeputada Elisa Ferreira no artigo «Nova Comissão Europeia: tudo na mesma?»),
não augura nada de significativamente positivo num momento em que a UE
atravessa uma das suas fases mais delicadas.
Embora o
confronto entre conservadores e sociais-democratas/socialistas no Parlamento
Europeu se traduza numa situação em que os «Eurodeputados
querem mais explicações dos nomeados para a Comissão de Juncker», nada
garante que a próxima Comissão represente uma efectiva mudança na orientação
política seguida no consulado de Durão Barroso ou em qualquer inflexão na
vigente ortodoxia económica de orientação ordoliberal, que está a condenar a
Europa a um ciclo recessivo, hipótese cada vez mais forte quando além da
referida quebra na actividade económica já se começa a falar que a Alemanha, «Motor
do euro já dá sinais de contracção».
Até agora a comissão liderada por Durão Barroso tem secundado as
teses germânicas do equilíbrio orçamental a qualquer preço, mas qual será a
reacção do seu sucessor, Jean-Claude Juncker, agora que a Alemanha ameaça
entrar ela própria em recessão. Persistirá no discurso de Berlim que a crise
deriva do despesismo populista e será rapidamente substituída pela acusação
prontamente lançada sobre as sanções económicas impostas à Rússia
(especialmente agora que já é público que o vice-presidente norte-americano Joe
«Biden afirma que EUA obrigaram UE
a impor sanções contra a Rússia») na sequência da crise ucraniana, ou assumirá que as verdadeiras origens
da crise são outras (a opção pela protecção cega a um sistema financeiro
completamente deslifado da realidade económica dos estados) e agirá em
conformidade com a realidade até agora negada?
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