As notícias
este semana difundidas – mesmo variando entre a peremptória afirmação que o «Estado
Islâmico toma cidade fronteiriça de Kobani» ou mais comedida, onde o «Estado
Islâmico recua em cidade que faz fronteira com a Turquia» – não reflectem apenas a realidade no terreno nem o
fracasso duma solução ocidental assente na mera utilização de meios aéreos
contra as forças no terreno.
Quando a administração Obama anunciou a formação duma coligação
internacional contra uma organização que se intitula de Estado Islâmico e
reivindica a ocupação dum território “roubado” à Síria e ao Iraque, já se sabia
da sua composição heterogénea e da limitação a uma táctica limitada. Ainda não
refeitos das ocupações militares do Afeganistão e do Iraque, os americanos
pretendem resolver a situação mediante o simples recurso a bombardeamentos
aéreos; porém, as bem equipadas forças do ISIS (sem esquecer o muito armamento
capturado ao exército iraquiano, há quem assegure até que o «Armamento
do Estado Islâmico vem dos EUA e da China») têm logrado resistir melhor que
o fez há anos o desmotivado exército iraquiano.
Quando, no âmbito da
recém-constituída coligação, «Turquia
e EUA decidem colaboração conjunta contra Estado Islâmico» não ficou claro
o papel daquele estado islâmico como não ficou o das petro-oligarquias da
península arábica, especialmente porque destas (Arábia Saudita, Bahrein,
Qatar…) derivam as principais fontes de financiamento do ISIS; certo é que as
monarquias sunitas nunca esconderam o apoio aos “jihadistas” que no terreno têm combatido regime alauita da Síria (pró-iraniano
xiita), sentimento que partilham com a Turquia a par com o horror à
constituição dum estado curdo (é histórico o receio que os curdos sempre
infundiram nos árabes).
Nesta contradição poderá estar a razão
para o relativo sucesso dos “jihadistas”
do ISIS, dotados de armamento pesado, na sua luta contra os “peshmergas” curdos que americanos e
árabes insistem em equipar apenas com armamento ligeiro. Outros sinais deste
problema surgiram quando o presidente turco «Erdogan antecipa queda de Kobani mas atribui as
culpas aos EUA», ou quando se anuncia que a «Turquia não quer deixar
cair Kobani mas recusa ser arrastada para a guerra».
Divididos
entre o risco de armar e apoiar os combatentes “peshmergas”
curdos e o de ver «Bandeiras do Estado Islâmico hasteadas na fronteira
da Síria com a Turquia», mesmo admitindo que «Kobani
ateou revolta curda e ameaça pôr a Turquia de novo a ferro e fogo», Ancara parece não ter hesitado em manter os seus «Tanques parados a
observar a guerra», escolhendo assim o que
entende como o mal menor.
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