Nos primeiros
anos da III República esta sigla remetia de imediato para a figura de Sá
Carneiro e para o partido (Partido Popular Democrático) que fundara com
Francisco Pinto Balsemão e Magalhães Mota; pretendendo rever-se nos princípios
da social-democracia, mudaria mais tarde a sigla para PSD, assegurou a
governação do país em cerca de metade dos últimos quarenta anos.
Talvez saudoso
desta reminiscência da sua juventude, o actual primeiro-ministro (cargo que
acumula como de presidente do PSD) bem poderia recuperá-la agora que foram
conhecidos dois relatórios de reputadas entidades internacionais (a OCDE e a
UNICEF) onde se assegura que «Portugal
tem uma das distribuições de rendimento mais desigual da Europa» e que a «Pobreza
afecta um terço das crianças em Portugal».
Numa jogada
digna do seu reconhecido calibre político, Passos Coelho poderia até associar a
figura do fundador (fica sempre bem recordar e homenagear o legado de Sá
Carneiro) ao regresso à velha sigla PPD. Não com o tradicional significado mas
antes com um bem mais moderno e actualíssimo: o de País Pobre e Desigual.
Melhor que o
fundador, que nunca fez verdadeira profissão de fé da social democracia, ou que
os continuadores, que sempre lhe sobrelevaram o carácter populista, Passos
Coelho deixará o inesquecível legado de associar definitivamente o Partido ao
País.
Sem comentários:
Enviar um comentário