sábado, 5 de julho de 2014

IL ROTTAMATORE

Esta semana ficou marcada no panorama europeu pela primeira sessão do recém-eleito Parlamento Europeu, da qual resultou a reeleição do social-democrata alemão Martin Schulz para a sua presidência, e pelo início de mais uma presidência rotativa da UE; até final de 2014 essa função caberá a uma Itália, cujo primeiro-ministro, Matteo «Renzi quer aposta no crescimento para recuperar a “alma europeia”».


A primeira imagem deixada em Bruxelas parece consentânea com o perfil dinâmico e directo que se lhe conhece; mas o proverbial imobilismo da eurocracia e o seu historial recente aconselham acrescida prudência em qualquer manifestação de entusiasmo, mesmo se antes já tivesse sido noticiado que também perante o Parlamento italiano o «PM italiano lança desafio à UE “ou defendemos valores comuns ou podem ficar com a vossa moeda”».

Mesmo lembrando que escrevi em Março de 2013, no “post” «SORRISO AMARGO», que Renzi representava uma nova geração de políticos, a forma sub-reptícia como este ascendeu ao poder (ver o “post” «GOVERNO À ITALIANA») recomenda um acréscimo de cautelas aos mais entusiastas que desde já queiram erguer Matteo Renzi como o líder que levará a Europa a mudar, tanto mais que em terras transalpinas é conhecido pela alcunha de “il rottamatore” (cuja tradução livre para português será “o sucateiro”) pela sua ideia de reciclar o desacreditado e corrupto sistema político italiano.

De momento o que parece ressaltar é uma clara disposição e intenção para reabrir, no espaço europeu, o debate sobre o crescimento, intenção que deveria ser apoiada e dinamizada por todos quantos se têm feito ouvir nas críticas ao modelo europeu de governança e às políticas seguidas, para o que não bastarão pífias intenções como as inscritas no comunicado do Conselho de Estado que apelam a «…uma voz activa de Portugal na União Europeia em prol do crescimento, do emprego e da coesão…».

Se Renzi será o “homem” para o conseguir ou não, apenas o tempo (uns breves seis meses) o dirá, mas parece cada vez mais claro que esta é uma questão que nunca deveria ter saído da “agenda” dos políticos europeus e a urgência na sua recuperação é mais que proporcional à calamidade social que já se abateu sobre uma Zona Euro abertamente conduzida em benefício dos mais ricos e a expensas dos mais pobres, tanto mais que se «Sem crescimento a UE não tem futuro, avisa Matteo Renzi» e quando o «FMI menos optimista quanto a crescimento da França» parece cada vez mais inevitável o debate de novas abordagens na política europeia.

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