Vítor Gaspar,
o ex-ministro das Finanças, acaba de anunciar “urbi et orbe” (em entrevista ao PUBLICO
onde procura assinalar a sua ressurreição política) que «é
“insultuoso” pensar que fui o quarto elemento da troika».
Mesmo correndo
o risco de poder parecer estranho, desta vez sou tentado a concordar com Vítor
Gaspar. É que é intelectualmente estúpido conceber-se uma “troika” de quatro elementos (só mesmo à liberdade criativa de
Alexandre Dumas é que se pode ter admitido que os “Três Mosqueteiros” se
revelassem afinal um quarteto); assim, o papel desempenhado por Vítor Gaspar não
terá sido o de quarto lado dum triângulo, antes e há semelhança daquele a que
Durão Barroso, então primeiro-ministro de Portugal, se prestou durante a
Cimeira anglo-americana que decidiu a invasão do Iraque a pretexto da
existência dumas nunca confirmadas armas químicas, o de mero factótum.
O mesmo é
difícil de dizer do resto duma entrevista que Vítor Gaspar transforma noutro
insulto quando de forma despudorada escamoteia realidades tão evidentes quanto
a do fracasso da política de austeridade expansionista ou a incapacidade para
cumprir as principais metas anunciadas para os défices anuais e para o
endividamento público
É pena (ou
talvez não, porque afinal Vítor Gaspar foi mais um dos paladinos do insulto
nacional que consistiu na afirmação dogmática da inexistência de alternativas),
mas o que ficará para a História da passagem de Vítor Gaspar pelo Terreiro do
Paço é o seu triste papel de executor cego duma política desadequada aos fins
anunciados e lesiva dos interesses do País que tão insigne personagem nunca se
cansou de afirmar ter regressado para servir, mesmo quando à evidência a sua
única preocupação (e a dos credores que o terão escolhido para a tarefa) foi a
de bem executar as ordens recebidas, qual pro-cônsul serôdio que nunca pensou
constituir por si só um insulto para os restantes cidadãos.
Sem comentários:
Enviar um comentário